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Exclusão econômica explica o Acre em detalhes

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Editorial ac24horas

O site ac24horas vai se posicionar em relação a um assunto que sempre gerou polêmica por aqui. É chegada a hora de falar de maneira honesta sobre algumas ideias econômicas que estão contaminadas por extremismos que não observam a era de extremos pela qual todos os brasileiros, em especial os acreanos, passam. De outra forma, seria impensável o Acre estar em sétimo lugar do país no número de pessoas vivendo em extrema pobreza.


Sim. É uma verdade matemática. E foi uma verdade dita mês passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, por meio da PNAD (Programa Nacional por Amostra de Domicílio). Aqui no Acre, 439.783 moradores vivem em pobreza ou em extrema pobreza. Isso representa 53% da população do Estado.


Será que o leitor tem dimensão do que representa isso? Será que a imprensa acreana consegue refletir esses números nas pautas? Será que a abordagem dos temas de interesse público tem priorizado esse dado? 53% dos acreanos vivendo entre a pobreza e a miséria! É muita privação. É muita exclusão.


Ao se chegar à constatação do tamanho do problema, aí começam a coçar os dedos nervosos da acusação querendo encontrar os culpados. Os políticos de esquerda apontam para a história do Acre e se autodefinem como um “recorte” na experiência de gestão; uma espécie de “acidente” que foi dando certo ao longo de 20 anos, em meio a outros mais de cem anos de administrações com outros perfis ideológicos.


A turma da direita entende que o mundo foi concebido a partir da sapiência de Wanderley Dantas com a “descoberta” da pecuária como vetor de indução do crescimento econômico. “Acre: um nordeste sem seca, um Paraná sem geada” foi um slogan que Dantas usou como senha para atrair capital do Sul maravilha para a compra de terras e investimento em gado. Isso aconteceu há 50 anos aproximadamente. Em História, 50 anos equivalem a quatro minutos em relógio normal.


O ac24horas já tratou do assunto, mas retoma o raciocínio diante da gravidade: é preciso separar a ideia de “desenvolvimento” da ideia de “crescimento econômico”. Nem sempre são sinônimos. Aliás, quase sempre não andam juntas.


O site defende a linha de argumentação que entende “desenvolvimento” como um vetor de natureza predominantemente pública associado a projetos e programas sociais e ambientais muito fortes. E essa decisão política precisa estar consolidada nas diversas experiências econômicas, sejam elas de quaisquer matrizes. Sem isso, não há como se falar em “desenvolvimento”. Portanto, “desenvolvimento” é uma extensão da cultura.


Apesar de entender que as questões de infraestrutura são importantes de serem resolvidas, não é possível entender que a elite política do Acre ainda associe “desenvolvimento” ao que se pensava no país ainda na República Velha quando o lema de Washington Luís “governar é abrir estradas” ganhou força no Brasil. Se estradas resolvessem problemas de pobreza, sete dos nove estados com maior número de pobres e extremamente pobres não estariam no Nordeste.


O que falta ao Acre não são estradas somente. O que falta ao Acre são ideias que se associem a um mundo em transformação. Seja a transformação no que se refere às matrizes energéticas, climáticas ou na forma de pensar uma nova economia.


Por exemplo, parte dessas mais de 439 mil pessoas pobres ou extremamente pobres do Acre não concluiu nem o Ensino Médio. Segundo a Pnad, 245 mil acreanos não terminou o Ensino Médio. Como qualificar mão de obra e garantir melhor distribuição de renda se nem o básico está sendo oferecido ao povo?


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