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O governante precisa sacudir o homem

Há algo de podre no Acre. Por mais que as redações moderem na tinta; por mais que os publicitários oficiais se esforcem; por mais que os aliados finjam fazer alguma defesa, todos sabem que há um inferno astral no entorno da áurea de Gladson Cameli. O último dia 15 de junho, uma data em que tudo deveria estar bem… nem tudo deu certo. Ou melhor: quase tudo deu errado.


A importância simbólica da data fez com que a mãe do governador saísse de Manaus. Veio ao Acre dar força ao filho. O gesto é, filialmente, compreensivo. Mas esgarça uma fragilidade muito negativa a uma pessoa que, em tese, deveria ser ela a entusiasmar uma equipe de governo; deveria ser esta pessoa a referência nos atos, nas palavras. Deveria ser esta pessoa o líder.


Não é, na prática, o que ocorre: Gladson tem precisado de amparo, de acolhimento. Cresceu no colo quente do amor materno e parece não ter força para enfrentar os problemas que ele próprio criou ao longo dos últimos 4 anos e seis meses. Há pouco mais de 40 anos, habituou-se à proteção que lhe fragiliza os atos.


No último dia 15 de junho, o governador que brincava com os eleitores, que tirava selfies, que sorria a torto e à direito, chegou um tanto quanto sisudo. Não podia encarar olho no olho o eleitor porque estava com um óculos Armani com lentes super caras, anti-reflexo e transitions.


Quando o cerimonial autorizou a troca da bandeira, o bendito motor de hasteamento não funcionou. Aquela bandeira do Acre nova, pronta para ser hasteada, estrebuchada no chão, parecia dar concretude à imagem do Acre atual. Era o próprio Acre ali, estendido, doido para subir sem ter quem incentivasse.


Na hora de fazer as homenagens, também percebeu-se o pouco cuidado do cerimonial. Tudo deu errado. Levadas pelo governador, as medalhas caíram ao chão. O próprio governador teve que se abaixar e pegar o artefato e pendurar o acessório de cabeça para baixo no peito do homenageado. Há um desleixo na condução dos eventos que torna ainda mais vulnerável não apenas um governo frágil. Expõe o governante frágil.


Quem é o homem hoje que está por trás das lentes transitions? Certamente não é aquele que ria aberto, comendo bolacha Miragina e banana nos eventos públicos. Quem é o homem cuja diversão noturna começa às cinco da tarde, cheia de ritmos e risos, agora privados?


O ac24horas tem o cuidado de não expor os problemas de ordem pessoal e afetiva do governador. A questão é que existe uma preocupação de todos com a saúde do nosso governador. Anos a fio discutindo os problemas do Estado, viajando para cima e para baixo, numa eterna vida emocional que passou enquanto se esforçava para manter a covid-19 sob controle. A vida de Gladson importa ao Acre. Quando ele teve a faixa de governante colocada pelo pai no peito, ele não responde apenas por si. Ele responde pelo Acre inteiro.


Preservar o homem é, neste sentido, preservar o governante. Este precisa encontrar forças onde o homem fraquejou. Há muita coisa a ser feita por aqui. Em todas as áreas. E são problemas que não encontrarão solução no colo materno. Uma reação se faz urgente. É preciso que alguém o alerte sobre essa pressa. É preciso um alerta. Reage, Gladson, o povo quer te ver feliz e dando esperanças para um Acre mais promissor.


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