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Pessoas em situação de rua vendem marmitas e agasalhos para comprar drogas

Por
Whidy Melo

Algumas pessoas em situação de rua tem vendido marmitas e agasalhos cedidos pela Secretaria de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Rio Branco, entregues pelo Centro de Referência Especializada para População em Situação de Rua – o Centro POP, no centro da cidade. A informação foi confirmada pela coordenadora do Centro, Liberdade Leão.


Segundo testemunhas, as marmitas são repassadas a um terceiro por um pequeno valor, que depende da “fissura” de quem vende. A reportagem apurou que este valor varia entre R$ 2 e R$ 5. Já os agasalhos e cobertas são negociados diretamente em bocas de fumo ou entre os próprios moradores de rua. Um usuário de drogas entrevistado, que se identificou como Carlos Alberto, inicialmente negou o negócio, mas depois confirmou: “eles fazem [a negociação], pode botar fé. Nós comemos a comida, mas de vez em quando [sic], a gente vende”, afirmou.


Liberdade Leão, que é assistente social, disse que o papel humanitário e dever legal do Centro está sendo cumprido, mas não há como fiscalizar o que cada um usuário do sistema utiliza o que recebe: “nós colocamos cadeiras, mesas, para que eles comam aqui dentro, protegidos, mas quase ninguém aceita. Alguns, se convidados a permanecer para comer podem até agir de maneira ríspida. Infelizmente, em alguns casos a pessoa está tão imersa na doença que é a dependência química que são capazes de negociar o próprio alimento”, explicou.



O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua mantém um plantão de 24 horas à disposição das necessidades de seu público alvo, inclusive com aulas de alfabetização, pouco frequentadas. “O nosso professor fica extremamente feliz quando aparecem dois ou três alunos, mas às vezes os que vem tem interesse apenas no lanche que é oferecido”, disse Liberdade.


A população de rua em Rio Branco tem aumentado exponencialmente, principalmente após a pandemia da covid-19. Segundo Liberdade, o processo de acolhimento do Centro funciona, sim, para a retirada de pessoas da rua, mas a dinâmica para a entrada na rua e na rotina da drogadição é muito mais rápida do que o tempo e investimento necessários para sensibilizar um paciente: “já entregamos diversas pessoas de volta às suas casas, às suas rotinas, mas infelizmente a sociedade ainda enxerga o Centro como um ponto de apoio à droga, o que não é verdade”, desabafa.


Em março, o ac24horas lançou o documentário Ruínas – Dependência Química nas Ruas de Rio Branco, veja o vídeo:



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Whidy Melo

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