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Ptolomeu e o paradoxo do espelho meu

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Da redação ac24horas

Por qual motivo a população do Acre ignorou as denúncias da Polícia Federal em relação à Operação Ptolomeu nas últimas eleições para governo? Qual a razão para que palavras e expressões como “peculato”, “chefe de organização criminosa”, “corrupção passiva”, “corrupção ativa” não tenham entrado junto com o eleitor no momento da última votação para escolha do Governo do Estado?


Não há uma resposta simples. Quem fizer a leitura genérica apostando apenas na “onda anti-petista” ou “rescaldo da Operação Lava Jato” talvez abarque apenas uma parte do problema.


O drama é muito mais complexo: transita do papel da imprensa regional à falta de compromisso dos partidos de esquerda em respeitar bases populares, nichos históricos do eleitorado esquerdista.


O site ac24horas não foge das polêmicas. Tem feito o papel de noticiar o que há de interesse público. Este, por exemplo, é o terceiro editorial que trata do assunto em menos de um mês. O que o site não irá fazer é se deixar levar pela sanha panfletária que alguns poucos querem. O que o site tem feito é noticiar. E continuará fazendo.


Já falamos que os problemas apontados pela Operação Ptolomeu não trazem novidades para a crônica político-policial brasileira. As imagens são quase as mesmas de tantas outras malandragens oficiais Brasil afora. É bem verdade que não teve (ainda) dinheiro em cuecas e em malas.


Mas, pelo que a PF mostrou, há os bocados de vinténs públicos socados em mochilas; há o assessor desavergonhado passando horas fazendo 37 depósitos fracionados de R$ 2 mil para burlar o olhar vigilante do Coaf; há os carros de luxo; os relógios de luxo; a empreiteira X; a empreiteira Y… tudo tem a mesma trama.


No fim da linha de toda essa trama, tudo abarca o mesmo povo. O mesmo povo, efetivamente. Aquele que precisa do Bolsa-Família, do Mais Médicos, da Farmácia Popular, do Minha Casa Minha Vida. Foi esse povo que legitimou o governo, renovou o mandato, repactuou expectativas. O governador Gladson Cameli não está no Palácio Rio Branco a pulso. Ele foi levado a estar ali pelo voto.


“Ah… mas ele é muito simpático!”… “Ah… mas ele é muito simples: comeu farofa de conserva na minha cozinha, mesmo sendo o nono governador mais rico do país!”… “Ah… mas ele é muito humano: mandou o helicóptero buscar a filha de uma pessoa pobre para se tratar na Capital!”… “Ah, mas ele é um democrata: comprou um celular novo a um rapaz que protestava contra ele e que perdeu o aparelho que caiu no bueiro na manifestação!” Raciocínios que, na prática, mostram a Operação Ptolomeu como ela é: um grande espelho que parece caber toda a sociedade acreana. Quem reflete quem? Só tem um detalhe: existe a Justiça apontando a luz com o foco certo. A imagem real ainda está por vir.


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