Pioneira no Acre, loja de Sex Shop quebra tabus e consolida mercado há quase 20 anos

Entre a diversidade de sex shops espalhados pelo Acre, um se destaca pelo pioneirismo e a forma personalizada que lida com os clientes. A loja Fascinação Sex Shop está no mercado há quase 20 anos em Rio Branco e desde então tem sido parceira na qualidade da vida sexual de centenas de casais. Para este Dia dos Namorados, oferece kits decorativos com velas, pétalas, gel para massagem, espuma de banho, lingerie, ou o que o cliente preferir.

Inês Leitão decidiu abrir um sex shop quando era um verdadeiro tabu o comércio de produtos íntimos na cidade, há mais de 16 anos “Nós ensinamos o acreano a usar produtos íntimos. Abri a loja em 2006 e a oficializei como empresa no ano seguinte. Fomos a primeira a ousar abrir um espaço de sex shop, com vitrine e porta aberta ao cliente”, conta.

Antes da loja Fascinação existir, o mercado erótico era feito às escondidas, como se fosse um crime ou até mesmo um comércio ilegal. Mas Inês resolveu inovar. “Na época eu pensei: não quero isso, quero uma loja onde as pessoas possam entrar e se sentir à vontade. Foi então que comprei o estoque de uma pessoa que vendia, mas que fazia tudo muito fechado”.

Ela já era empreendedora antes de se tornar dona de um sex shop, fazia e vendia doces regionais em casa. Após o divórcio de um casamento de 20 anos, optou por ultrapassar barreiras. “Primeiro me capacitei bastante, estudei, fui para palestras e eventos no Rio Grande do Sul, em São Paulo, participei de feiras eróticas. A primeira coisa que eu quis foi entender esse mercado, estudar sobre sexualidade”, relembra.

Quando entrou nesse ramo de negócio, Inês estava decidida a vender algo que as pessoas sempre fossem consumir e que ainda não era comercializado no estado. “Não tinha nada mesmo. Se quisesse um óleo para massagem, tinha que ser da Natura ou Boticário, não tinha nada específico para o uso íntimo. Lubrificante tinha que ir à farmácia, mas os atendentes, sem preparo nenhum, deixavam o cliente constrangido”.

Após anos de estudo, Inês se tornou Especialista em Relacionamentos, em Saúde e Sexualidade Íntima e Bem-Estar do Casal e Sex Coach. “Minha equipe é treinada, eu me capacitei. Sempre fui muito bem resolvida em relação a isso e era muito fácil absorver informações a respeito”.

Quando abriu a loja enfrentou rejeição, preconceito, inclusive com familiares. Suas primeiras clientes foram juízas, deputadas, pessoas com algum destaque na sociedade, que entravam na loja de óculos escuros, boné e rosto coberto, totalmente disfarçadas.

“Sempre fomos preparadas aqui na loja para quebrar o gelo nesse atendimento. Formamos uma clientela muito legal, de confiança. Tenho muito orgulho da escolha que fiz, do trabalho que faço. Costumo dizer que minha empresa é de utilidade pública, porque quando meu cliente está feliz no relacionamento, a sociedade agradece”, afirma a empresária.

A especialista destaca que desenvolve um trabalho sério. “Se nos perguntam se temos o contato de alguma garota de programa, não temos. Se perguntam se conhecemos quem faz troca de casal, não temos. Nosso trabalho é voltado para a saúde íntima do relacionamento”.

Inês revela que fica emocionada quando ouve de seus clientes que a Fascinação é o melhor sex shop da cidade. “Imagina como é difícil manter uma clientela por quase 20 anos? Estamos vendo nossos clientes envelhecer”.

Além do serviço de venda, muitos casais que estão em crise conjugal procuram a empresária. “Já tirei muito casal da crise. Pretendo fazer um consultório separado justamente para isso, fazer terapia de casal. A experiência que eu tenho é de balcão e o conhecimento, sempre em busca da qualidade”.

O carro-chefe de vendas tem sido há bastante tempo os vibradores de luxo ou de alto padrão. A Fascinação não trabalha com vibradores de preço mais baixo, os de pilha. “Isso também é um diferencial nosso, só trabalhamos com produtos realmente de muita qualidade. Já cansei de comprar produtos e jogar no lixo. Tenho prejuízo, mas não vendo ao cliente”, garante.

Segundo a sex coach, as mulheres acabam migrando para os vibradores porque muitas das vezes seus parceiros não a “preparam” como deveriam. “O homem leva cinco minutos para ficar excitado, já a mulher leva 15 minutos. Temos uma clientela para esse produto [vibrador]”.

Para a especialista, o acreano ainda é muito conservador em comparação à população de outros estados brasileiros. “Os homens e mulheres ainda são muito tímidos. Recebemos mulheres com seus 40 anos sem nunca ter tido uma boa qualidade de vida sexual, sem saber para onde ir ou como começar”.

Ela conta que a empresa presta um atendimento personalizado e que não vende de qualquer maneira. “Intimidade para mim é coisa muito séria, principalmente diante de tudo que eu já estudei. Sempre digo: seu corpo, suas regras, não faça nada só com a função de agradar alguém”.

A empresária esclarece que nem todo mundo conhece o próprio corpo ou o corpo do parceiro. “Todos os dias atendo pessoas que não se conhecem, não entendem sobre sexo e não entendem nada sobre o parceiro. E casamentos se desfazem devido a um relacionamento sexual insatisfatório”.

A sex coach reforça que educação sexual deve começar em casa, de pais para os filhos, mas que esse diálogo, segundo ela, ainda tem muito a evoluir. “Quando as pessoas veem que aqui a gente lida com a educação sexual de forma muito natural e muito bem preparada, elas se sentem acolhidas, confiante e seguras”.

A fascinação Sex Shop não faz diferença de atendimento, alcançando todos os públicos, sem distinção de sexo ou preferências. Inês salienta que antes mesmo do serviço delivery ser o que é hoje, a empresa já o fazia, há cerca de 15 anos. “A gente levava os produtos até a casa das pessoas”. Para entrar em contato e adquirir algum produto, clique aqui.

Ela tem ciência de que a Fascinação Sex Shop serviu de inspiração para muitas outras lojas do ramo no Acre. “Quando abri essa loja, nunca tinha visto uma por aqui. Quando abri, a loja já tinha missão, visão e valores. Não foi do nada, me preparei realmente para atender meu cliente”.

À época, Inês descobriu que muitas pessoas iam até sua loja arrancar a etiqueta para conseguir os mesmos fornecedores. “Eu comecei do nada e tenho muito orgulho do negócio que eu tenho. Foi uma decisão de uma mulher que queria ser independente. Hoje, muitas donas de sex shops por aqui já foram minhas clientes, aprenderam comigo ou foram minhas revendedoras”, ressalta.

A proprietária também promove palestras sobre o assunto, chegando a reunir mais de 200 mulheres no ano de 2009. “Pretendo voltar com esses eventos de palestras porque, apesar de muita coisa ter mudado, ao mesmo tempo, muito ainda precisa ser feito nesse sentido”, declara.