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Acre tem segunda maior taxa de extrema pobreza entre os estados brasileiros

Por
Orlando Sabino

Assinado por Leonardo Vieceli, da Folhapress, publicou no Jornal Valor Econômico do dia 26/05/2023 um estudo sobre a pobreza e a extrema pobreza no Brasil, em 2022. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/05/26/pobreza-cai-mas-ainda-atinge-mais-da-metade-da-populacao-em-9-estados.ghtml.


A publicação foi baseada no estudo elaborado pelo Instituto Jones dos Santos Neves -IJSN que é vinculado à Secretaria de Economia e Planejamento do Espírito Santo e coordena o Núcleo Vitória do Observatório das Metrópoles. O IJSN utilizou os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do rendimento de todas as fontes, divulgada neste mês pelo IBGE. Essa pesquisa do IBGE vai além do mercado de trabalho e abrange outros tipos de renda, incluindo os benefícios sociais. Vamos situar o Acre nesse estudo.


Para calcular os dados, o IJSN usou referências estabelecidas pelo Banco Mundial. Em valores de 2022, convertidos em reais, a linha de pobreza foi definida em R$ 665,02 per capita (por pessoa) por mês, enquanto a de pobreza extrema ficou em R$ 208,73 per capita por mês.



52,9% dos acreanos são pobres – 438 mil


Segundo o levantamento, a taxa de pobreza no Acre caiu 55,7% em 2021 para 52,9% em 2022. Em termos absolutos, o número de pessoas consideradas pobres no estado diminuiu de 462 mil em 2021 para 438 mil em 2022. 


No Brasil, o percentual de pobres atingiu 33% da população. Os nove estados que ainda tiveram taxas de pobreza acima de 50%, mesmo com a redução frente a 2021, foram os seguintes: Maranhão (58,9%), Amazonas (56,7%), Alagoas (56,2%), Paraíba (54,6%), Ceará (53,4%), Pernambuco (53,2%), Acre (52,9%), Bahia (51,6%) e Piauí (50,4%).


Em termos de Região Norte, conforme pode ser observado no gráfico abaixo, somente o percentual do Amazonas (56,7%) superou o do Acre. Os demais ficaram com percentuais abaixo de 50%.


Outros quatro registraram taxas de pobreza acima da média nacional (33%), mas abaixo de 50%. São os casos de Amapá (49,4%), Pará (49,1%), Roraima (46,8%) e Tocantins (35,8%). E somente o estado de Rondônia (31,1%) ficou acima do percentual do Brasil, tornando-se o estado da Região Norte com o menor percentual de pobres.



14,97% dos acreanos são miseráveis (extrema pobreza) – 122 mil


No caso da extrema pobreza, a taxa acreana saiu de 18,1% em 2021 para 14,7% em 2022. Em números absolutos, as pessoas consideradas extremamente pobres recuaram de 150 mil em 2021 para 122 mil em 2022. A redução, em termos absolutos, foi de 28 mil. 


De acordo com o estudo, a taxa de extrema pobreza caiu 26 das 27 unidades da federação. A exceção foi o Mato Grosso, onde o indicador avançou de 3,8% para 4,1%, ainda inferior à média nacional (6,4%).


Conforme pode ser observado no gráfico abaixo, em 2022, dos estados da Região Norte, somente o Acre apresentou taxa de extrema pobreza acima da brasileira. (6,4%). Rondônia (5,1%) e Roraima (5,6%) ficaram acima da média nacional.


O artigo do Valor destaca que, às vésperas das eleições presidenciais do ano passado, o governo Jair Bolsonaro (PL) anunciou a ampliação do Auxílio Brasil para R$ 600. Além desse aumento, a retomada do mercado de trabalho e os programas de transferência de renda de estados e municípios também fizeram a pobreza recuar.


O porta-voz do IJSN pondera que a melhora de 2022 veio após um ano marcado por dificuldades. Em 2021, a taxa de pobreza no Brasil havia alcançado o maior nível da série histórica iniciada em 2012 no país (38,2%). Destaca que, em 2022, teve políticas de assistência social, não se resumindo ao Auxílio Brasil e a melhoria do emprego.


Mesmo com a melhora em 2022, convenhamos que 438 mil pobres, sendo que destes, 122 mil são miseráveis é demais para o Acre. O ideal seria um revigoramento do mercado de trabalho, ampliando os empregos, principalmente para os setores mais vulneráveis, como os autônomos. Mesmo assim, alguns ficarão fora desse mercado. Em último caso, os governos estaduais e dos municípios devem planejar a implantação de programas de transferência de renda para a pobreza recuar.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas


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