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No Programa da Jô Edição Podcast desta segunda-feira, 05, o cineasta e criador da produtora acreana Saci Filmes, Sérgio de Carvalho, falou de suas vivências no meio artísticos, trabalhos realizados e o sucesso do longa-metragem ‘Noites Alienígenas’, que recentemente chegou a Netflix.
O profissional, que nasceu em Val Paraíso, interior de São Paulo, mas mora no Acre desde 2003, contou que chegou nas terras amazônica após a faculdade e teve toda a sua trajetória envolvida com a arte no Estado, que o acolheu da melhor maneira possível. “Não é fácil conhecer o Acre todo, as estradas são complicadas. Então eu já naveguei por vários rios que cortam essas terras e eu me encontrei nesse Estado, é um caso de amor muito grande”, disse.
Ele, que atua em um festival muito conhecido localmente, o Pachamama, destaca que já produziu vários filmes, séries e documentários para a TV aberta e fechada, todas com foco muito ligado as questões regionais, abordando temáticas Indígenas e dos povos da floresta e fala como é trabalhar no ramo no Brasil.
“Está melhorando, porque no último governo foi muito difícil. Todas as políticas públicas do cinema foram desmanchadas. O artista brasileiro foi criminalizado, desqualificado, com muita desinformação. Então eu acho que a gente está em momento promissor, com políticas públicas que voltaram a funcionar”, informou.
Sérgio respondeu sobre o processo de criação do premiado e primeiro filme inteiramente acreano a conseguir distribuição e destaque nacional, o ‘Noites Alienígenas’, que surgiu após um livro que escreveu. “Precisava escrever sobre a dor que a dependência química de pessoas próximas trouxeram na minha vida”.
Em relação ao nome, ele define que é uma metáfora, que cada um pode interpretar de sua maneira, mas que, na verdade, tem uma história muito curiosa por trás, que envolve a repórter Lenilda Cavalcante.
“O nome no livro vem de uma grande história da querida repórter Lenilda Cavalcante, que em uma reportagem, ela começa a filmar um suposto óvni. E no livro eu trago esse cena como metáfora, esse momento. Eu falei com ela que iria colocar esse grande momento, porque foi incrível”, revelou.
Carvalho também comentou sobre o horror que viveu com o namorado em 2021, em que ele e o artista Pedro Lucas sofreram homofobia. Na época, seu companheiro chegou a ter o olho esquerdo perfurado e ficou cego após o ato. “Foi uma das cenas mais bárbaras que presenciei. Ver a pessoa que você ama passando por um grau de vitalidade. Porque enfiar uma chave de fenda no olho de uma pessoa é de uma violência terrível”.
O diretor explica que mesmo após dois anos, nada foi feito, mas acredita na justiça. “A gente participou de uma audiência e não tivemos resultado. E isso é algo que a punição deveria ser exemplar. Não é uma questão de vingança, mas a justiça precisa ser feita para que outros casos como esse não voltem a acontecer. Passamos por uma violência e se ele [o agressor] continuar impune, será uma dor ainda maior para a gente. É algo que trouxe diversos traumas para as nossas vidas”.
Durante a entrevista ainda são abordados temas sobre o cinema de esquerda e direita, como é ser cineasta no Brasil, das políticas públicas de incentivo a cultura, próximos trabalhos que serão lançados, como o documentário que contará como estão os amigos de Chico Mendes e como o profissional enxerga o Acre nos anos que chegou aqui e como está agora.
“Eu fiquei um tempo na Série da Xuxa e vi, como que após dez anos chegamos a isso. A reserva Chico Mendes está muito mais desmatada. Eu falo porque eu ainda muito por essas terras. Quando a gente vê os índices de desmatamento do Acre, é alarmante. Rio Branco está entre as cidades que mais poluem no Brasil. A capital está contaminada com mercúrio. E isso impacta nossa energia, nossa mente e a própria saúde. A diferença do sentindo ambiental piorou e muito”, apontou.
Assista ao Podcast da Jô:
