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O prefeito, o professor e Jéssica Sales

Pesquisa do Instituto Delta demonstrou o que todas as curvas do Rio Môa sabem: a dor de cabeça do prefeito Zequinha Lima chama-se Vagner Sales e suas derivações. O que talvez ninguém esperasse era que o desafio seria tão grande: 62% da preferência do eleitorado para Jéssica Sales contra 12,25% do atual prefeito… é uma diferença de 50 pontos percentuais.


Não é algo que pode ser ignorado por Zequinha e sua assessoria, mesmo sabendo que ainda há muito a ser feito antes das eleições. O prefeito de Cruzeiro do Sul sabe que os números foram graves. Não é prudente minimizar. Sem contar um detalhe que pode soar particularmente grave ao professor Zequinha.


Formado e curtido no PCdoB, o professor fazia parte do Núcleo de Educação dos governos da Frente Popular em Cruzeiro do Sul (e, por extensão, de todo o Vale do Juruá: o PT sempre apitou pouco e baixo na região).


Nos círculos mais restritos, Zequinha Lima sempre acompanhou e reforçou, com citações às mais sofisticadas e eruditas, a crítica “à política clientelista, populista, assistencialista”, praticada “pelas famílias tradicionais da região do Vale do Juruá”.


Os anos passam, os cabelos foram rareando e o juízo do professor foi ficando mais maleável às investidas dos partidos de direita. O que antes era um “clientelismo”; o que antes era um “populismo”; o que outrora era uma ação “assistencialista”… de repente passou a ser suportável. E quando isso veio acompanhado do charme quase irresistível de Gladson Cameli, a ortodoxia dos camaradas perdeu o sentido para Zequinha Lima.


Eis que agora, a pesquisa Delta apresenta ao prefeito de Cruzeiro do Sul, do partido Progressistas, a força do “populismo” e do “clientelismo” praticado anos a fio pela família Sales. E o ex-comunista agora vai ter que encontrar uma fórmula de manter a qualidade da gestão que vem apresentando, sem descambar para o uso clientelista, populista, assistencialista e… eleitoreiro da máquina administrativa municipal.


Jéssica Sales tem a seu favor tudo. O único fator que lhe pesará nos ombros é o tempo. Manter essa dianteira é um desafio muito grande até outubro de 2024. Ela ganha a eleição, segundo a Delta, em todos os cenários apresentados aos 400 entrevistados. Com um detalhe: ela tem a menor rejeição: apenas 2,50% dos eleitores afirmaram que não votariam nela em nenhuma hipótese, caso as eleições fossem agora.


O fator “Gladson Cameli” é algo que, em tempos de Ptolomeu, sempre deixa uma incógnita. Tudo leva a crer que esta semana será crucial para o desfecho desse processo. Qualquer que seja o barulho que o martelo da ministra Nancy Andrighi faça, no entanto, o governador apoiará Zequinha Lima. Mas dificilmente Cameli terá condições de encher o peito e vociferar críticas contra o “Leão do Juruá”. E muito menos contra a amiga Jéssica Sales.


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