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O Acre e a síndrome dos “menino rréi”

A busca por novas lideranças é um dos principais desafios dos partidos políticos. Não é uma dificuldade exclusiva do Acre. Os outros estados também sofrem do mesmo mal. Por aqui, a safra de políticos que surgiram no horizonte do eleitor nos últimos anos não foi de toda ruim. Mas é preciso atentar para um aspecto: a de que a juventude esteja expressa apenas na idade. A política não precisa de “meninos velhos”. Ou, no bom acreanês, “minino rréi!”


O que os partidos apresentaram de “novo” nos últimos 15… ou 20 anos? Vamos lá: Roberto Duarte, Jéssica Sales, Emerson Jarude, Fernanda Hassem, Alan Rick, Mara Rocha, Marcus Alexandre, Léo de Brito, Jenilson Leite, Marcos Luz, Ariane Cadaxo, Rodrigo Forneck, Gabriel Forneck, André Kamai, Wiliandro Derze, Cesário Braga, Gladson Cameli, Daniel Zen. Há outras caras “novas”, mas as citadas são representativas para o que se quer demonstrar.


O primeiro aspecto que salta aos olhos nesta apressada lista é a diversidade. Está longe de atender ao senso comum de que a aproximação do debate político é uma marca quase restrita aos partidos de esquerda. A lista demonstra que isso não é verdade.


O segundo aspecto é que essas lideranças já tiveram (ou têm) experiência em cargos eletivos ou de gestão pública. Sabem o que é “representar” uma comunidade; falar em nome dela; dizer (ou mediar) o que estas comunidades pensam em fóruns e tribunas privilegiados. São pessoas, portanto, que conhecem a política e os seus ritos.


Mas o que é que se apresentou, de fato, novo com a atuação dessas personagens na cena política? O que eles fizeram de transformador? Há um pressuposto elementar para que um jovem se deixe encantar pela Política: o desejo de mudança. Todos eles, em algum momento, deitaram e pensaram: “vou mudar o que está aí!”. Mudaram?


Flaviano Melo, João Correia, Mauri Sérgio, Chagas Romão, a turma que toma café na famosa mesa azul do MDB… um dia, eles já foram os “Fábios Júniors” do arraial. Já foram cabeludos e pisavam duro. Da mesma forma, Sebastião Viana, Jorge Viana, Júlia Feitosa, Naluh Gouveia, Francisco Nepomuceno, Sérgio Roberto. Um dia, eles também deitaram e pensaram: “vou mudar o que está aí!”. Mudaram?


O que foi feito daquela rebeldia que pensava em mudar uma ordem estabelecida? De uma coisa, ninguém tem dúvida: eles envelheceram no exercício do poder. Acostumaram-se à corte e suas representações políticas. É uma espécie de veneno que sufoca a indignação, amassa as vontades e vicia os desejos.


O ruim é que isso acontece alimentado pelos recursos públicos. Sim, porque por mais honesto que seja o político, o que lhe garante a sobrevivência é o dinheiro custeado pelo povo. Então, pela lógica, o povo pode ficar tranquilo que a possibilidade de mudança só dura o tempo de o seu representante não ser picado pela mosca azul.


E o que essa nova geração, nascida politicamente nos últimos 15… 20 anos no Acre, precisa apresentar de inovador? Quais erros eles não podem cometer? A resposta não é tão simples. Não há uma fórmula fatal e redentora. Mas o fato é: o que já se apresentou até aqui é uma concepção envelhecida sobre Economia. No geral, muitos deles nem reconhecem o valor da floresta e a diversidade cultural que ela possui; muitos desses jovens políticos acreanos defendem os valores conservadores; defendem a família; a rotina das igrejas. Isso já não é o que não deu certo?


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