Após crescer 1% em março, a produção industrial brasileira voltou a cair 0,6% no mês de abril. Com a variação negativa, o setor aumenta a distância para o patamar pré-pandemia, de acordo com informações publicadas nesta sexta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
De acordo com os dados da PIM (Pesquisa Industrial Mensal), o setor industrial a indústria teve retração de 2,7% na comparação com abril do ano passado. No ano, o segmento acumula queda de 1% e, em 12 meses, variação negativa de 0,2%.
Com os números negativos, o segmento opera ao nível 2% abaixo do registrado em fevereiro de 2020, o último mês sem o impacto do coronavírus na economia nacional, e segue 18,5% menor do que o recorde do estudo, alcançado em maio de 2011.
André Macedo, gerente responsável pela pesquisa, afirma que, há uma maior presença de resultados negativos no setor industrial no início de 2023, após o ramo avançar 1,5% nos últimos meses do ano passado.
“Em abril, observamos uma maior disseminação de quedas na produção industrial, alcançando 16 dos 25 ramos industriais investigados. Esse maior espalhamento de resultados negativos não era visto desde outubro de 2022”, destaca ele.
No primeiro trimestre deste ano, a indústria apresentou estabilidade (-0,1%) e representa 19,9% do PIB (Produto Interno Bruto) — soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país. O resultado foi puxado para baixo devido as quedas da Indústrias de transformação (-0,6%) e da construção (-0,8%) na comparação com os três últimos meses do ano passado.
Em abril, as principais influências negativas para o desempenho da indústria partiram dos ramos responsáveis pela produção de produtos alimentícios (-3,2%), máquinas e equipamentos (-9,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,6%).
Responsável pelo maior impacto negativo no resultado deste mês, o setor de produtos alimentícios registrou o quarto mês seguido de queda na produção, período no qual acumulou uma perda de 7,3%. Segundo Macedo, a sequência de quedas do ramo ainda é insuficiente pare reverter o ganho acumulado de 20,2% no acumulado anual. “Portanto, ainda é um saldo positivo”, explica ele.
“Em abril houve grande influência negativa por parte da produção de açúcar. Isso teve relação direta com um maior volume de chuvas, especialmente na segunda quinzena do mês, nas regiões produtoras de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do país”, afirma o pesquisador. Por outro lado, a retomada do crescimento de carnes de bovinos, após ser afetada pelas restrições de exportação para a China, atenuou a queda do setor.
O setor de máquinas e equipamentos (-9,9%), por sua vez, eliminou o crescimento de 6,7% observado em março. Neste mês, houve queda disseminada nos seus principais grupamentos. Já no caso de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,6%), depois de apresentar variação nula nos meses de fevereiro e março, houve uma nova redução da atividade.
Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-9,4%), indústrias extrativas (-1,1%), bebidas (-3,6%), produtos de metal (-3,3%), outros equipamentos de transporte (-5,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,9%) também se destacaram negativamente.
Na contramão do resultado final da indústria em abril, nove atividades que apresentaram aumento na produção, o setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,6%) foi o que exerceu maior impacto positivo em abril. Trata-se do terceiro resultado positivo consecutivo do setor, período em que acumulou crescimento de 6,3%.
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