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A narrativa é uma arma, diz a narrativa desavergonhada

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Valterlucio Campelo

É bastante razoável para um articulista frequente se deparar com uma questão: sobre o que escrever, opinar? Algumas vezes, na falta de um tema interessante, que esteja em debate público, recorremos a assuntos específicos, setoriais, e sobre eles desenvolvemos um raciocínio que, ao mesmo tempo, esclareça e chame a atenção dos leitores. Outras vezes, como é o caso desta semana, o problema é a profusão de fatos ocorridos. Qual merece maior destaque? Vejamos:


– A visita ao Brasil do narcoditador Nicolas Maduro, da Venezuela, a convite de seu amigo Lula da Silva.


– O discurso abjeto do Lula da Silva, tratando como mera narrativa a ditadura que prendeu, torturou e matou centenas de venezuelanos, como se toda a tragédia vivida no país vizinho.


– A falsificação do relatório do GSI pelo seu Titular, o general Gonçalves Dias, que no dia 8/1 estava presente durante o vandalismo e, desde muito antes informado, não fez nada para impedir ou conter os manifestantes, o que configura, no mínimo, crime de prevaricação que somente a justiça brasileira não vê porque só tem olhos para o lado direito do seu campo de visão.


– O regabofe promovido por Lula da Silva com membros do STF, os quais por pudor ou precaução deveriam se manter afastados desses convescotes que em qualquer país sério jamais aconteceriam.


– O soco que o segurança de Maduro desferiu contra a jornalista Delis Ortiz, da Globo, demonstrando o “amor” que as ditaduras tem pela imprensa. Diga-se, de passagem, que o tal “murro nos peito” teve força suficiente para fazer falar “indignados” jornalistas esquerdopatas e isentões de cuecas vermelhas. Nessas horas bate aquele espírito de corpo que não bateu quando prenderam e quase mataram na cadeia o jornalista Eustáquio de Oliveira, ou quando praticamente expulsaram do Brasil o Allan dos Santos.


– A reunião da CPI do MST na qual, entre muitas discussões e depoimentos, uma assentada declarou-se ameaçada e extorquida pelas lideranças do movimento.


– O assalto que o governo promoveu na CPMI de 8 de janeiro, tomando por vias incomuns, dado que se trata de um instrumento da minoria, os lugares de presidente e relator (ocupado por uma aliada de prováveis investigados), ameaçando desde logo a sua capacidade de investigação e a lisura do relatório final.


– A votação do marco temporal sobre as terras indígenas que sinalizou para o governo e outros aloprados, que será dificilmente alterado o que estabeleceu a CF de 1988. A indústria de demarcação de TI sofreu um revés que será somente anulado se mais uma vez, ativista que é, STF extrapolar o Direito.


– A votação e aprovação da Medida Provisória 1.154/23 que estabelece a estrutura de governo criada por Lula da Silva com 37 ministérios, parte deles destinada ao acoitamento de amigos e aliados. 


– A liberação coincidente de 1,7 bilhões de reais em emendas parlamentares às vésperas da votação da MP 1.154.


– A subtração de atribuições importantes dos ministérios do meio ambiente e dos povos originários.


– A também coincidente marcação, pelo ministro Dias Toffoli, do julgamento de um processo por corrupção passiva contra o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, que mofava em alguma gaveta há anos.


– Chamamento para manifestações de rua marcadas para este domingo, em protesto contra a cassação de Deltan Dalangnol e outros abusos de autoridade.


Ufa! Como se vê, assim, por cima, pelo menos 13 temas desta semana mereceriam artigos de opinião. Qual deles melhor serve ao momento? Escolho a visita do Maduro para alguns comentários. Não exatamente pelo que veio fazer, não interessa, aliás, não foi divulgada a real intenção que só pode ser pedir ajuda do cúmplice, digo, amigo, mas por ser convidado e tratado a salamaleques de embrulhar o estômago de qualquer vivente que tenha alguma noção do que seja democracia.


Maduro e sua herança chavista é responsável direto pelo exílio de aproximadamente 7 (sete) milhões de venezuelanos (mais de 20% da população total), que perseguidos ou com medo de perseguição deixaram o país que tem as maiores reservas mundiais de petróleo e, sob regime socialista, conseguiu a façanha de colocar 95% de sua gente na linha abaixo da pobreza. É como se no Brasil 40 milhões de pessoas não suportassem o martírio e se mandassem, a maioria com a roupa do corpo.


Na Venezuela, as propriedades não valem nada, o dinheiro local não vale nada, a imprensa não vale nada, a verdade não vale nada, a vida não vale nada. Sob o tacão de forças militares e paramilitares, a população a cada dia empobrece, emagrece, adoece e sofre mais. Relatório da ONU, que ninguém pode chamar de conservadora ou anti-socialista, identificou dezenas de crimes que vão da prisão por opinião ao estupro, tortura e morte. Em 2020, os Estados Unidos abriram um processo criminal contra Maduro e vários outros membros do governo por associação ao tráfico de drogas, por lá ele é considerado narcoterrorista.


Pois é este homem que Lula da Silva recebe com honras, chama de companheiro e atribui todos os seus crimes a uma construção narrativa da oposição. O mais importante é: mude a narrativa, ou seja, faça prevalecer a sua versão e não dê bolas para os fatos. Ao invés de referir à miséria que grassa no país vizinho, aos milhões de emigrantes, à dívida bilionária que tem com o Brasil, ao totalitarismo que prende, tortura e mata, Lula da Silva candidamente joga tudo de lado e instrui o narcoterrorista a fazer o que ele mesmo faz e fez, afinal não foi isso que tivemos no Brasil? Não é a narrativa que está na cadeira presidencial ameaçando o povo brasileiro e seus representantes com cassação de mandatos, com vingança, com amordaçamento da imprensa e das mídias sociais, com impostos e gastança desmesurada?


Lula sendo Lula não é mais do que isso. Um ditador enrustido prestes a sair do armário transitando entre Putin e Maduro, um mentiroso contumaz cuja palavra não guia ninguém que não seja ignorante ou intelectualmente desonesto. Sua narrativa, como ele mesmo afirma, é uma arma para derrotar o inimigo e não a expressão da verdade. Infelizmente, ele não está só na cobertura nababesca deste edifício chamado Brasil.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do Percival Puggina e outros sites. 


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