Figura histórica do movimento em defesa dos povos da floresta e um dos participantes da luta que resultou na criação da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, o seringueiro Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, saiu em defesa da operação de fiscalização que vem sendo realizada na Unidade de Conservação pelo ICMBio.
A manifestação de Raimundão ocorreu nesta segunda-feira, 29, depois que dois moradores da Resex na região do igarapé Espalha acusaram o órgão gestor da UC de emitir multas arbitrárias, embargar áreas e até destruir uma ponte que dava acesso à população de várias comunidades, inclusive garantido a ida de alunos à escola.
De acordo com Raimundão, que continua residindo no interior da Resex, no seringal Floresta, colocação Rio Branco, não está acontecendo o clima de terror que, segundo foi divulgado por meio da internet, estaria sendo imposto por fiscais do órgão federal a moradores tradicionais. Ele diz que o que há é desobediência à legislação ambiental.
“Eu posso garantir que nada disso está acontecendo como está sendo dito. O que ocorre é que tem gente que sabe viver dentro da Unidade de Conservação e outros não, promovendo desordens e praticando crimes ambientais. Inclusive, tem autoridade que diz está defendendo o morador, mas participa de esquema de venda ilegal de áreas na Resex”, disse Barros sem citar nomes.
Neste fim de semana, um grupo de vereadores acompanhado de um advogado foi até a colocação Samaúma, no seringal Boa Vista, para ouvir o relato dos moradores que denunciaram a ação do ICMBio e ver de perto o que lá aconteceu. O ac24horas manteve contato com o advogado, Maxsuel Maia, que informou que fará uma representação contra o órgão ambiental.
“Ouvimos os moradores, vimos fotos e vídeos, e consideramos que a ação do ICMBio não teve razoabilidade na ação que ocorreu na localidade. Não se trata de defender a prática de ilícito ambiental, mas de representar aquelas pessoas contra as multas exorbitantes que foram aplicadas e ainda a destruição de uma ponte que garantia o direito constitucional de ir e vir daquela população”, disse Maia.
Na última sexta-feira, 27, o ICMBio se manifestou por meio de nota enviada ao ac24horas sobre a destruição da ponte reclamada pelos moradores. A resposta foi que a estrutura foi construída com madeira oriunda de castanheira, sem ter a autorização do plano de manejo da unidade, e ainda que a ponte era constantemente usada para o cometimento de ilícitos ambientais.
Ainda segundo o ICMBio, por haver outra opção de passagem, o órgão não inviabilizou o acesso dos moradores. O instituto não fez menção às multas e embargos aplicados, mas acrescentou que a operação que está em andamento no interior da Resex Chico Mendes tem o objetivo de combater o desmatamento ilegal na região.