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E aí, ministra, o juízo ou a cabeça?

Por
Valterlucio Campelo

A Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, a acreana Marina Silva, resolveu espremer o chefe Lula da Silva neste imbróglio da exploração de petróleo na costa amazônica brasileira. Perfurações de teste a 500 km do Amapá foram vetadas por ela liminarmente, com base em “evidências”, seja lá o que isso signifique.


Para os mais novos, um pouco da história política de Marina. Projetada nacional e internacionalmente pelo cadáver de Chico Mendes, no qual ancorou-se e herdou fama, contatos e prestígio, a ex-marxista do PCR Marina Silva, que já dava seus primeiros passos em mandatos de vereadora em Rio Branco e de deputada estadual no Acre, foi eleita Senadora pela generosidade do povo acreano em 2002. Imediatamente, dado o simbolismo que carregava, foi nomeada Ministra do Meio Ambiente no primeiro governo Lula da Silva, de onde saiu soltando maribondos em maio de 2008, dizendo que “perderia a cabeça, mas não o juízo”, face à decisão governamental sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte. Pouco tempo depois, em 2009, saiu do PT na tentativa exitosa, diga-se, de não aparecer no esgoto de corrupção petista aberto pela Justiça. Em algumas oportunidades até reconheceu (de má vontade) as estrepolias éticas e morais do presidente Lula.


Em 2009 se acomodou no PV, partido pelo qual foi candidata à presidência da república no ano seguinte, perdendo honrosamente. Em 2014 foi candidata a vice na chapa do PSB de Eduardo Campos. O acaso, salvou-a da morte acidental(?) do candidato e a fez titular da chapa, quando foi massacrada pela campanha petista de Dilma Roussef. Acostumada a aparecer na cena de quatro em quatro anos para dar pitacos em temas controversos, ressurgiu em 2018 como candidata a presidente e ficou em 8º lugar. Em 2022, descobriu o amor por São Paulo e lá foi eleita deputada federal para em janeiro deste ano, dar um cavalo de pau moral e aceitar novamente a nomeação como Ministra de Lula da Silva, aquele que chegou a chamar de corrupto.


Pois bem. Nesta terça-feira, em entrevista rápida para tratar da decisão de vetar a exploração de petróleo nas imediações da foz do Amazonas, a Ministra emparedou o chefe Lula com uma frase duríssima. Disse ela. “Em um governo republicano e democrático, as decisões técnicas são obedecidas”. É, ao mesmo tempo, uma camisa de força no governo e uma bobagem que, não sendo pueril, só pode ser um serviço ao globalismo e seus vieses antinacionais. Explico.


Sabe a professora de história e política experiente que a técnica não é neutra. Não existe esse negócio de “decisão técnica não se discute, se obedece”, como fez transparecer em sua resposta, insistindo em “evidências” talvez para lembrar a COVID e nela ancorar sua decisão militante. A técnica, seja qual for, surge e é implementada carregada de elementos políticos, aliás, desde a sua própria criação, o conhecimento depende de decisões políticas,  então, não se trata de prestígio à ciência como sugere, mas de escamotear a opção por engessar a Amazônia brasileira e vetar todas as vias de exploração que não sejam sancionadas a nível global pelos detentores do poder e seus aliados, a saber, Organizações das Nações Unidas – ONU, Fórum Econômico Mundial – FEM e o onguismo internacional.


Precisam entender os amazônidas de uma vez por todas (que este caso sirva de exemplo), que a Marina Silva há muito deixou de ser a seringueira, pobre e preta (jargões politicamente corretos que gosta de utilizar), para se transformar em títere do globalismo. Seu aludido cristianismo não resiste a uma campanha abortista sem relativizá-lo, seu amor pelos habitantes da Amazônia não resiste a um mandado do Klaus Schwab, seu pires estendido para receber grana do tal Fundo Amazônia tem como destino certo o onguismo que sustenta e projeta sua imagem internacional. Somente um otário pensaria que a Ministra ainda tem na mente alguma estrada de seringa, seu negócio é o aplauso globalista ao lado de Leonardo di Caprio e Greta Thundberg, de preferência.


Sim, ela emparedou o governo. Se Lula da Silva insistir em dispensar a “decisão técnica” e promover no litoral amazônico a exploração de petróleo como já fazem os vizinhos da Guiana Francesa e Suriname, estará jogando “contra as evidências” e traindo seu compromisso com os ambientalistas. Se deixar a Marina mandar, e submeter o governo com Petrobras e tudo à agenda imobilista que seus parceiros internacionais estabeleceram para a Amazônia, gritará que é um servo do globalismo. O custo, entretanto, pode ser alto.


Ocorre que nem todos no Governo rezam na cartilha marinista. Tem gente com juízo suficiente para entender que a carga internacional sobre a Amazônia pretende tão somente manter-nos pobres, e cada vez mais dependente de fundos que trazem consigo a governança sobre a maior parte do território brasileiro, o que não parece razoável para muitas lideranças regionais. O único senador de seu partido pulou fora por causa dessa decisão e logo a discussão chegará com força ao Pará. O Ministro de Minas e Energia considerou inadimissível a postura da colega, o Congresso quer limitar a autonomia da Ministra, enfim, também nessa área o governo está uma bagunça.


Conscientemente, a Marina esticou a corda e ameaça o próprio país com sanções internacionais e essa balela de “decisões técnicas” apartadas da política. Ela jura que é a fiadora internacional da gestão ambiental brasileira e, talvez, seja mesmo, já que Lula da Silva virou piada. O certo é que se estima que exista uma reserva de mais de 40 bilhões de barris de petróleo e imensurável quantidade de gás somente na área adjacente ao Amapá. O dilema está, portanto, colocado. Exploramos nossas riquezas como todo mundo faz ou engessamos a Amazônia e estendemos o pires? 


Esperemos que o governo Lula da Silva tenha juízo, atropele o empate marinista e autorize a Petrobras a cavucar até a última gota de petróleo que existir, gerando riqueza, renda, empregos e desenvolvimento. Técnica é a capacidade de realizar a exploração e isso temos sobrando, o resto é política e a Ministra sabe disso, apenas a utiliza contra a Amazônia e o Brasil.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do Percival Puggina e outros sites. 


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