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Mulheres têm mais probabilidade de morte após ataque cardíaco do que os homens, aponta pesquisa

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CNN Brasil

As mulheres têm duas vezes mais chances de morrer após um ataque cardíaco do que os homens. Os dados são de um novo estudo apresentado nesta segunda-feira (22) no congresso científico da Sociedade Europeia de Cardiologia.


“As mulheres de todas as idades que sofrem um infarto do miocárdio correm um risco particularmente elevado de um mau prognóstico”, disse a autora do estudo, Mariana Martinho, do Hospital Garcia de Orta, em Almada, Portugal, em comunicado.


A especialista destaca que mulheres precisam de acompanhamento regular após o evento cardíaco, com controle rigoroso da pressão arterial, níveis de colesterol e diabetes, além do encaminhamento para reabilitação cardíaca.


“Os níveis de tabagismo estão aumentando em mulheres jovens e isso deve ser combatido, juntamente com a promoção de atividade física e vida saudável”, orienta.


Substâncias presentes no cigarro podem causar dependência além de provocar o estreitamento das artérias, inflamação e aparecimento de placas de gordura nas artérias. Também estão associados ao cigarro efeitos prejudiciais sobre a pressão arterial e os vasos sanguíneos, sobre as artérias coronárias e artérias cerebrais.


Diferenças entre homens e mulheres


Mulheres que sofrem infarto do miocárdio têm um prognóstico pior durante a internação em comparação aos homens, apontam estudos. Esse contexto pode ser devido à idade avançada, aumento no número de outras condições de saúde e menor uso de stents para abrir artérias bloqueadas.


Este estudo comparou resultados de curto e longo prazo após o infarto em mulheres e homens, e examinou se quaisquer diferenças sexuais eram aparentes tanto na pré-menopausa (55 anos ou menos) quanto na pós-menopausa (mais de 55). A análise incluiu pacientes tratados com intervenção coronária percutânea (ICP), tratamento não cirúrgico das obstruções das artérias coronárias por meio de cateter balão, dentro de 48 horas após o início dos sintomas, entre 2010 e 2015.


Os resultados adversos foram definidos como mortalidade por todas as causas em 30 dias, mortalidade por todas as causas em cinco anos e cinco eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM; um composto de todas as causas de morte, novos infartos, hospitalização por insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral isquêmico).


O estudo incluiu 884 pacientes. A idade média foi de 62 anos e 27% eram mulheres. As mulheres eram mais velhas que os homens (média de idade 67 vs. 60 anos) e tinham taxas mais altas de pressão alta, diabetes e acidente vascular cerebral (AVC) anterior. Os homens eram mais propensos a ser fumantes e ter doença arterial coronariana. O intervalo entre os sintomas e o tratamento não diferiu entre mulheres e homens em geral, mas as mulheres com 55 anos ou menos tiveram um atraso significativamente maior no tratamento após chegarem ao hospital do que seus pares do sexo masculino (95 vs. 80 minutos).


Os pesquisadores compararam o risco de resultados adversos entre mulheres e homens após o ajuste de fatores que poderiam influenciar a relação, incluindo diabetes, colesterol alto, hipertensão, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, doença arterial periférica, acidente vascular cerebral e histórico familiar de doença coronariana.


Aos 30 dias, 11,8% das mulheres morreram em comparação com 4,6% dos homens, para uma taxa de risco de 2,76. Aos cinco anos, quase um terço das mulheres (32,1%) havia morrido contra 16,9% dos homens. Mais de um terço das mulheres (34,2%) tiveram algum experimentaram evento cardiovascular adverso maior dentro de cinco anos em comparação com 19,8% dos homens.


“As mulheres tiveram uma probabilidade duas a três vezes maior de resultados adversos do que os homens a curto e longo prazo, mesmo após o ajuste para outras condições e apesar de receber ICP dentro do mesmo período de tempo que os homens”, afirma Mariana.


Os pesquisadores conduziram uma análise mais aprofundada na qual compararam homens e mulheres de acordo com os fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão, diabetes, colesterol alto e tabagismo. Os resultados adversos foram então comparados entre homens e mulheres pareados com 55 anos ou menos, e entre homens e mulheres pareados com mais de 55 anos. Ao todo, 435 pacientes foram incluídos na análise pareada.


Em indivíduos com mais de 55 anos de idade, todos os resultados adversos medidos foram mais comuns em mulheres do que em homens. Cerca de 11,3% das mulheres morreram em 30 dias em comparação com 3% dos homens. Aos cinco anos, um terço das mulheres (32,9%) havia morrido em comparação com 15,8% dos homens e mais de um terço das mulheres (34,1%) havia experimentado evento cardiovascular maior em comparação com 17,6% dos homens .


Em pacientes pareados com 55 anos ou menos, uma em cada cinco mulheres (20%) apresentou evento cardiovascular maior em cinco anos, em comparação com 5,8% dos homens, enquanto não houve diferenças entre mulheres e homens na mortalidade por todas as causas em 30 dias ou cinco anos.


“As mulheres na pós-menopausa tiveram resultados piores a curto e longo prazo após o infarto do miocárdio do que os homens da mesma idade. As mulheres na pré-menopausa tiveram mortalidade semelhante a curto prazo, mas um prognóstico pior a longo prazo em comparação com seus pares do sexo masculino. Embora nosso estudo não tenha examinado as razões dessas diferenças, sintomas atípicos de infarto do miocárdio em mulheres e predisposição genética podem desempenhar um papel importante”, detalha a pesquisadora.


Para os pesquisadores, as descobertas destacam a necessidade de maior conscientização sobre os riscos de doenças cardíacas em mulheres.


“Mais pesquisas são necessárias para entender por que há disparidade de gênero no prognóstico após infarto do miocárdio, para que medidas possam ser tomadas para fechar a lacuna nos resultados”, concluiu.


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