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“Foi ele quem me salvou”, diz tia que se tornou mãe após morte trágica da irmã no Acre

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A trágica história da jovem Adriana Paulichen, que era conhecida como Anna, morta pelo marido em julho de 2021, aos 23 anos, ficou muito conhecida dos acreanos após a grande repercussão que o crime teve até o desfecho com a condenação do acusado ocorrida em março passado, na capital acreana, Rio Branco.


Apesar do terrível golpe que a tragédia representou para a família, o inesperado fim da jovem que teve como grande aspiração de vida ser mãe não significou o completo fim dos sonhos pelos quais muito lutou. Uma nova e bonita história começou e teve continuidade a partir do filho que ela deixou, o pequeno Kalel, à época com seis meses.


Tempos antes de morrer, Adriana disse a uma de suas irmãs, Andréia Paulichen, que caso acontecesse algo inesperado com ela, queria que Kalel fosse cuidado pela familiar, com quem tinha uma forte ligação. Com a morte da jovem, o pedido de guarda do pequeno não demorou a ser feito pela irmã e Kalel já passou a viver com a tia de imediato, enquanto transcorriam os trâmites burocráticos da adoção.

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“Eu sempre fui apaixonada pelo Kalel, e essa minha paixão por ele foi desde a barriga. Então, quando aconteceu [a tragédia], logo de imediato, assim, a minha maior preocupação foi o Kalel, e no mesmo dia, em meio ao luto e as atribulações do velório e do enterro da minha irmã, eu já falei com o advogado sobre o pedido de guarda dele”, ela conta.


Andréia relata que mesmo já sendo mãe de duas crianças, a entrada do sobrinho na vida dela para se tornar mais um filho foi fundamental para ela superar a forte depressão que passou a enfrentar após a morte violenta da irmã. Ela diz que, a partir dali, ele se tornou o grande propósito da sua vida.


“Ele é a pessoinha que entrou na minha vida para somar. Fiquei com depressão depois que minha irmã morreu, cheguei a raspar a cabeça, tive a ajuda de psicólogos, mas foi ele quem me deu forças para continuar. Costumo dizer que se hoje estou aqui, foi ele quem me salvou. Sem ele, não sei se estaria aqui”, diz.


Pela carga de violência e contornos traumáticos de um caso de feminicídio, talvez a pauta não seja a mais adequada para uma matéria a ser veiculada no Dia das Mães. Contudo, a história de Adriana, Kalel e Andréia, é uma demonstração de que a vida pode mudar de maneira repentina e mesmo assim o amor preponderar.


“Tornar-me mãe do Kalel me ensinou que a vida muda de repente. Um dia eu estava confusa, procurando meu caminho, cheia de planos, e no outro eu descobri o meu maior propósito: amar, cuidar e proteger o Kalel. Então tudo passou a fazer sentido. Ser mãe dele se tornou o maior presente da minha vida”, ressalta.


Hoje com dois anos e quatro meses, Kalel está completamente inserido no núcleo familiar de Andréia, que diz o amar em dobro, como mãe e como tia. Para ela, além de transformadora, a sua experiência com tudo o que aconteceu lhe pôs diante de mais um desafio: o de preparar o sobrinho que se tornou filho para o momento em que ele puder entender a sua história.


“Uma mensagem que tenho para todas as mães que se encontram em situação parecida com a minha é que sejam fortes e persistam no amor que esses órfãos precisam. No meu caso, tenho um novo desafio que é o de tornar ele uma boa homem quando crescer, um filho e um bom esposo. A minha meta de vida é lutar contra tudo e contra todos pelo Kalel”, concluiu.


Andréia Paulichen tem 34 anos e também é mãe de Yanna, de 6 anos, e André Lucca, de 1 ano e 2 meses.


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