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Em quatro meses, somente 8,7% do valor das exportações do Acre foram efetuadas pela Rodovia Interoceânica

Por
Orlando Sabino

Leio no ac24horas que uma comitiva que reúne representantes do governo do Acre, de associações e federações comerciais e empresários do estado saíram de Rio Branco, no sábado, 6, visando participar de conversas com autoridades de Lima, PE, além de realizar visitas técnicas e consolidar o corredor interoceânico com o país vizinho (https://ac24horas.com/2023/05/08/visita-de-governo-e-empresarios-ao-peru-busca-fortalecer-comercio/).


Louvável a iniciativa, isto porque, somente 8,7% do valor exportado pelo Acre e 1,7% do valor importado, no primeiro quadrimestre de 2023, foram realizados pela Rodovia Interoceânica (via Assis Brasil). Se adicionarmos a alfândega de Epitaciolândia, temos pouco mais de 10,3% do valor exportado e 9% das importações no período, conforme pode ser verificado na tabela abaixo.



Convenhamos que é um valor muito baixo para aquela que seria a redenção do Acre. O fato é que, a cada ano estamos assistindo quedas constantes do valor das exportações utilizando as alfândegas do Acre, a saber: 2014 (75,8%), 2020 (33,1%), 2021 (24,6%), 2022 (23,2%) e agora, nos primeiros quatro meses do ano, 10,3%.


Motivo? As exportações de soja, milho, madeira e carne bovina não utilizam a Rodovia. Somente a castanha e agora a carne e derivados de suínos são exportados por ela. Quando a interoceânica foi inaugurada, o sonho era: “ter uma estrada que ligaria os estados fronteiriços brasileiros com o Oriente, o que significaria um lucro de 100 dólares por tonelada de grãos devido à economia de 9 mil quilômetros na rota brasileira ao oriente. Também que os estados amazônicos e o cerrado brasileiro teriam grande capacidade de produzir excedente para exportação. Estimativas de que 400 caminhões diários de soja em direção ao Oriente passariam pelo Acre e que, em contrapartida, o Peru poderia exportar ao Brasil produtos minerais, sobretudo fertilizantes e gás”. Nada disso se concretizou. Ainda não conseguimos concretizar o sonho de utilização dos portos peruanos. Portanto, é louvável a iniciativa da delegação acreana em mais uma tentativa de tonar real a plena utilização da interoceânica.


Aproveito o espaço para trazer os últimos dados das nossas exportações, comparando inicialmente o mês de abril e depois o primeiro quadrimestre, ambos de 2022 e o de 2023. O destaque para o mês de abril de 2023 foi a exportação de Soja, que somou US$ 5,37 milhões, valor que superou em 130% o mês de abril de 2022 (US$ 2,33). Em resumo: soja e carne suína seguram ritmo das exportações do agro em abril.


Outra notícia importante foi a concretização das exportações de carne suína para o Peru. O País vizinho foi o maior destino das exportações de suínos em abril/23, US$ 304 mil, representando 66,8% de todas as carnes e derivados de suínos exportados pelo Acre. A carne superou as exportações de castanha que historicamente lideram as exportações para o Peru.


Como pode ser visualizado na tabela a seguir, em abril de 2023, somente a soja (130%) e a carne suína (87,4%) variaram positivamente em relação a abril de 2022. Quando a análise se centra no primeiro quadrimestre do ano, somente a soja variou positivamente na comparação (16,9%). Os números do primeiro quadrimestre do ano apresentam variações negativas nas exportações de madeira (69,7%), castanha (66,8%) e bovinos (38,7%).



Quanto ao destino das exportações, quando se compara os primeiros quadrimestres de 2022 e o de 2023, verifica-se mudanças significativas. Em primeiro lugar, o deslocamento do Peru, que foi o nosso principal destino em 2022 para a terceira posição em 2023. Em 2023 a Turquia assume a liderança como principal destino, seguido pelo México, que nem aparecia como os 10 principais destinos em 2022. Os destinos principais para os primeiros quadrimestres dos dois anos estão contidos na tabela a seguir.



Como já dizia no artigo do dia 17/9/2020. O Acre precisa resgatar e ampliar a capacidade da Estrada do Pacífico para a realização de uma ampla integração econômica e social entre os povos da América do Sul e ampliar as nossas relações comerciais externas com outras partes do mundo através da rodovia, ante as expectativas geradas pela classe empresarial, pelas autoridades governamentais e pela população em geral. Portanto, é louvável a ida da caravana acreana para Lima.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas. 


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Orlando Sabino

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