Passadas algumas semanas após a deflagração da terceira fase da Operação Ptolomeu, em uma ação conjunta da Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal, o assunto parece que foi sucumbido diante da cheia repentina dos rios e igarapés no Acre que atingiu mais de 30 mil pessoas. As manchetes dos jornais mudaram. O Palácio Rio Branco não é mais o holofote da mídia nacional, mas sim o sofrimento do povo. Independente disso, no último final de semana o ac24horas foi ao coração de Rio Branco saber das pessoas que topassem falar com a reportagem sobre o que elas achavam da ação policial e se de fato o governador Gladson Cameli teria algum tipo de participação na suposta organização criminosa acusada de desviar dinheiro público.
Com uma câmera na mão e um gravador ligado, as pessoas desconfiadas tentavam fugir dos questionamentos e tentavam a todo custo evitar opinar sobre o caso. Mas o que topava se expor tinha dúvidas, desconfianças, certezas e até defesas em relação ao chefe do Palácio Rio Branco.
Já sobre a Ptolomeu, Ademir afirmou que viu no jornal, mas que prefere esperar pela Justiça. “Eu vi no jornal. É uma coisa que a gente precisa esperar pela justiça, não julgo agora o governador. Tem que esperar pela justiça, eles é quem vão dizer se realmente aconteceu ou não. Teve outras gestões que passaram, não só do governo, mas da prefeitura e não deu em nada, não aconteceu nada”, lembrou.
Sobre a operação, Louro prefere que a Polícia Federal faça o trabalho dela e que se o governador tiver alguma culpa, que venha à tona. “Se for provado ao longo das investigações. É uma coisa que todo gestor pode correr o risco de ser investigado, porque ele está prestando um serviço para a população. Espero que ele não seja culpado, mas é necessário isso, porque o gestor público trabalha para a população, então ele precisa gerir bem o dinheiro e o pouco de recursos que vem”, frisou Cledson reforçando que não põe a mão no fogo por ninguém. “Nem por mim mesmo”, brincou.
Geosimar Ferreira, 56 anos, mora no bairro Defesa Civil, trabalha há 4 anos como vendedor no calçadão. Ele afirmou que Gladson prometeu também muita coisa, muitas obras e serviços, trabalhos e até agora ninguém viu nada. De acordo com o vendedor, “nesse tempo todo ele nunca fez algo grandioso e importante para o nosso Estado. Eu quero que alguém veja isso e venha aqui me mostrar o que foi que o Gladson fez, eu quero ver, porque não tem nada. É só promessas e mais promessas”, disse.
Questionado sobre a Operação Ptolomeu, Ferreira foi categorico. “Ele tem culpa sim, porque uma cobra não corre sem cabeça. Ele fez sim, ele deve também. Ele está negando isso, mas eu tenho absoluta certeza que ele deve. Mas eu não espero nada, porque não sou besta. Sei que nunca vai acontecer nada com os grandes, agora se fosse eu que tivesse roubado ou feito alguma coisa, estava preso hoje”, desabafou.
Perguntado sobre a operação policial, Júlio disse que não põe a mão no fogo por Gladson. “Eu não vou botar minha mão no fogo pelo Gladson não, mas se estão investigando é porque existem motivos. Há alguma coisa que ele deve estar envolvido nessas coisas. Como pode o cara ser governador, está a frente de uma população e está envolvido em algo tão errado. É feio para o nosso Estado”, criticou.
Entre os que defendem e criticam, tem os que também não estão a par do que está acontecendo no Acre. É o caso da vendedora Terezinha Costa, 48 anos,que mora no loteamento Farhat, que cobrou que Gladson esteja mais presente junto a população, mas sobre a operação Ptolomeu afirmou não acompanhar os fatos. “Então, não tenho como acreditar ou desacreditar. Não conheço sobre isso, não tenho como opinar”, disse.
OPERAÇÃO
A 3ª fase da operação Ptolomeu, iniciada em 2021 e que investiga, entre outros, o governador do Acre, Gladson Cameli, foi deflagrada no último dia 9 de março, a partir de investigações da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República, da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União.Foram cumpridos 89 mandados de busca e apreensão nos Estados do Acre, Piauí, Paraná, Amazonas, Goiás e Rondônia, além do Distrito Federal.
Segundo a CGU, os alvos da operação praticavam fraudes em contratações públicas no Acre com recursos da saúde, da educação e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), relacionadas à execução de obras de infraestrutura e serviços de manutenção predial.
De acordo com a PF, R$ 120 milhões em bens foram bloqueados. Aeronaves, casas e apartamentos de luxo foram apreendidos. Cameli teve cerca de R$ 10 milhões em bens bloqueados e também teve o seu passaporte suspenso, ou seja, ele está proibido de fazer viagens internacionais. Toda a operação correu com autorização da Ministra Nancy Andrighi , do Superior Tribunal de Justiça.
Na semana passada, a ministra relatora da operação deu prazo de 90 dias para que a Polícia Federal conclui-se o inquérito.
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