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No Acre, 11 mil jovens estão desempregados e 14 mil deixaram o mercado de trabalho

Por
Orlando Sabino

No Acre, o mercado de trabalho está adverso para os jovens. A última década mostra que a população de 18 a 24 anos vem aumentando, acompanhada pelo aumento do desemprego nessa faixa etária. Os efeitos são parecidos com o que vem acontecendo no Brasil com uma única diferença, no País, o desemprego também está aumentando, mas a população está diminuindo para essa faixa etária. 


Conforme notícia assinada pela repórter Marsílea Gombata de São Paulo, em 27/03/2023, no Jornal Valor Econômico (acesso: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/03/27/desemprego-entre-jovens-e-maior-que-o-dobro-da-media.ghtml), especialistas alertam para efeitos permanentes que o atraso da inserção desse grupo no mercado pode causar, com consequências como rendimentos menores e impacto na economia no longo prazo. E afirmam que é preciso fortalecer os elos dos jovens com a educação e o mercado, por meio de políticas focalizadas e ensino técnico ampliado.



Conforme dados da Pnad Contínua Trimestral do IBGE, nos últimos dez anos, as taxas de desemprego da população jovem (18 a 24 anos), no final dos anos de 2012, 2015 e 2019, foram mais que o dobro da taxa de desemprego total do Acre, como pode ser observado no gráfico acima. Observa-se também que, embora a população de 18 a 24 anos, em dez anos (2012/2022), tenha aumentado de 103 mil para 122 mil, em 2022 o nível de desocupação ficou mais alto, passando de 17,7% (2012) para 18,6% (2022).


Outro indicador que preocupa é o da taxa de participação desses jovens no mercado de trabalho, que vem caindo ano a ano, conforme pode ser observado no gráfico abaixo. Essa taxa é o indicador que mede o percentual de pessoas que querem trabalhar, a chamada força de trabalho, ou as pessoas que estão disponíveis para o trabalho.  Ela se divide nas pessoas ocupadas e nas pessoas desocupadas (desempregadas). O Acre está vivendo o chamado boom demográfico – o estado tem o maior número de pessoas com idade economicamente ativa em comparação com a população inativa (idosos e crianças) – e é preciso aproveitar isso, afinal a força de trabalho é um dos fatores de produção essenciais para alavancar o crescimento econômico.



Em 2012, a população na faixa etária de 18 a 24 anos do Acre era de 103 mil pessoas, dessas, 62 mil estavam no mercado de trabalho (51 mil ocupados e 11 mil desempregados) o que corresponde a uma taxa de participação de 60,2% e uma taxa de desemprego de 17,7%.


Dez anos depois, em 2022, a população jovem era de 122 mil pessoas, dessas, somente 59 mil estavam no mercado (48 mil ocupados e 11mil desempregados), o que corresponde a uma taxa de participação de 48,4% e uma taxa de desemprego de 18,6%. Portanto, verifica-se que, enquanto a taxa de participação total, em 10 anos, caiu 15,7%; entre os jovens a queda foi de 19,6%. 


Sendo assim, além da taxa de desempregos entre os jovens está aumentando, não menos preocupante, verifica-se a saída desses jovens do mercado de trabalho.


A repórter do Valor Econômico ouviu Lucas Assis, economista da Tendências, que afirma que, no geral, os indicadores são piores para os jovens. “Por causa de sua inerente inexperiência laboral, eles enfrentam maior dificuldade de ingresso e estabilidade no mercado de trabalho, representando o grupo mais vulnerável nos períodos de crise econômica”, diz. Assis ressalta que esse retrato é especialmente marcante entre os menos qualificados.


Assis reforça também que os jovens têm relativa desvantagem estrutural, já que em momentos de crise sua ocupação tende a ser atingida com maior intensidade e sua recolocação no mercado de trabalho se dá de forma mais lenta. Na retomada pós-crise econômica, por exemplo, o jovem com menos anos de estudo e menos experiência disputa vagas com pessoas mais velhas, maior experiência e dispostas a trabalhar por um salário menor, uma vez que estão desempregadas.


A preocupação maior deve recair nos jovens que não estudam e não estão ocupados – os chamados “nem-nem” – pois abrange aqueles que não estão ganhando nem experiência laboral, nem qualificação, comprometendo suas possibilidades ocupacionais futuras, afirma Assis. Lembro que no Acre, comentei em artigos anteriores, que mais de 66 mil jovens em idade entre 15 e 29 anos não estavam ocupados e nem frequentando escola em 2019.


Efeitos e consequências danosas não só para a carreira do jovem, mas à economia como um todo.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas


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