Áudios interceptados pela Polícia Federal (PF) demonstraram a indignação de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) após 22 líderes da facção serem transferidos para presídios federais.
Um dos transferidos foi Marcos Willians Camacho, o Marcola, principal líder do grupo, removido de São Paulo para a Penitenciária Federal de Brasília, onde permanece.
O grampo é de fevereiro de 2019, um mês após as transferências. Um deles, obtido pela CNN e que chamou atenção dos investigadores tanto da PF quanto do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que deu início às investigações, é de um integrante conhecido como Elias.
Ele é apontado, segundo policiais federais ouvidos pela CNN, como tesoureiro do PCC e, no áudio, xinga o então ministro da Justiça, Sergio Moro, que acabara de assumir e determinar a ofensiva contra a facção.
“Os cara ‘começou’ o mandato agora, irmão. Agora que eles começaram o mandato. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão. Em quem está na linha de frente. Então se os caras já ‘começou’ a mexer em quem está na linha de frente, os caras já chegam falando o quê? Com nós já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estavam tendo diálogo com outros, que estavam na frente, com nós não vai ter”, diz um trecho da ligação.
Em outro ponto, xinga o ex-juiz da Lava Jato: “Esse Moro aí, mano, esse cara é um filho da p*** mesmo. Ele veio pra atrasar”
“Nós tiramos a liderança, vai dar uma balançada. Aí, dá uma balançada por quê? Porque outros vão ter que assumir o lugar daqueles que saíram. Mas só que também tem um ponto de interrogação. Quem vai assumir no lugar daqueles que saiu não têm autonomia do que os que ‘saiu’ têm?”, questiona o tesoureiro, que estava em um presídio do Paraná.
Ouça o áudio:
Os áudios embasaram o monitoramento contra o grupo, até que o planejamento do PCC cresceu, com monitoramento diário de olheiros à casa de Moro e familiares, além de alugar casas e chácaras próximas ao agora senador para vigilância, conforme mostrou a CNN.
Na investigação, foram descobertos os planos avançados do PCC para sequestrar e matar Sergio Moro, o promotor Lincoln Gakiya, um comandante da Polícia Militar de São Paulo e outros agentes públicos, desencadeando na operação Sequaz, da PF, na terça-feira (22), para prender nove criminosos em São Paulo. Duas pessoas estão foragidas no Paraná.
Em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, a PF encontrou uma espécie de esconderijo, que serviria para guardar objetos e um fundo falso, que, segundo a PF, poderia ser utilizado para aprisionar vítimas de possíveis sequestros.
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