O ministro do STF Alexandre de Moraes autorizou hoje (15) que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), retorne ao cargo. Ele foi afastado na noite de 8 de janeiro, após os atos golpistas que destruíram as sedes dos três Poderes.
Na decisão, o ministro diz que os relatórios de análise da Polícia Judiciária não apontam indícios de que Ibaneis está tentando dificultar as apurações ou destruindo evidências.
“O momento atual da investigação — após a realização de diversas diligências e laudos — não mais revela a adequação e a necessidade da manutenção da medida, pois não se vislumbra, atualmente, risco de que o retorno à função pública do investigado Ibaneis Rocha Barros Júnior possa comprometer a presente investigação ou resultar na reiteração das infrações penais investigadas”, afirmou Moraes.
A decisão seguiu parecer do subprocurador-geral, Carlos Frederico Santos, que defendeu a volta de Ibaneis ao cargo de governador. Para a PGR, o emedebista não interferiu nas apurações em andamento.
Ibaneis comemorou o retorno ao cargo e disse que provará sua inocência.
Aguardei com muita paciência, resiliência e confiança na justiça do meu país, esse momento de retorno ao cargo que assumi pela vontade do povo do Distrito Federal, que me elegeu em primeiro turno para um segundo mandato. Agora é seguir firme confirmando a minha inocência junto ao STF e trabalhar ainda mais pela cidade que tanto amo. “Ibaneis Rocha
Quando determinou o afastamento de Ibaneis por 90 dias, em janeiro, Moraes apontou o “descaso e a conivência” do então governador com a organização das manifestações, mencionando diretamente o então ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres, que está preso desde o dia 14 de janeiro após voltar dos EUA.
À época, Moraes disse que “o descaso e conivência” de Torres “com qualquer planejamento que garantisse a segurança e a ordem” no Distrito Federal “só não foi mais acintoso do que a conduta dolosamente omissiva do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha”.
Desde o afastamento de Ibaneis, o Distrito Federal passou a ser comandando interinamente pela vice-governadora, Celina Leão (PP). Hoje ela disse que eles seguem juntos “e mais forte ainda”.
Relatório da Polícia Federal após perícia no celular de Ibaneis apontou que o então governador não agiu em prol das manifestações, mas as mensagens demonstram que o emedebista minimizou a dimensão dos atos golpistas.
A defesa de Ibaneis se segurou a esse argumento para pedir o retorno ao cargo. Na manifestação assinada pelo criminalista Alberto Toron, é apontado o relatório da intervenção federal sobre o ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira.
O parecer era que, embora exercesse o cargo de chefe da PM, Vieira “não teria sido diretamente responsável pela falha das ações de segurança”.
Ora, se para quem está diretamente na chefia da tropa esta lhe falta, com maior razão de ser não se pode dizer que o governador, que está mais distante da tropa, se omitiu no comando desta.”
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