Operação Ptolomeu, uma ação sem réus

A OPERAÇÃO PTOLOMEU, que entrou na sua fase mais aguda e mexeu ontem com a estrutura do governo Gladson Cameli, desta feita colocando no rol dos investigados 89 pessoas, entre secretários, assessores empresários, o governador e seus familiares, ações que antecedem a peça da Denúncia, que deve ser apresentada na próxima fase pelo Ministério Público Federal, foi nessa fase mais incisiva. O STJ, MPF e PF cumprem o seu papel, não há nada que possa ser visto como perseguição política ou a antecipação do julgamento final pelo STJ. 

É preciso também se pontuar que, enquanto não acontecer a Denúncia pelo MPF e a ministra que comanda o caso acatar o pedido, nenhum dos relacionados se enquadram como réus. Até aqui todos ainda estão na fase deinvestigados, sem culpa formada, e enquanto não viraram réus tem que se aplicar ao governador e a todos os citados na investigação a norma constitucional da presunção de inocência. Porque é assim que as coisas funcionam no Direito. E sem uma sentença transitada em julgado, tudo que se falar sobre o caso, que é grave, serão meras ilações. Não antecipamos, pois, julgamentos.

NÃO MINIMIZEM

LONGE de dizer que esta fase da Ptolomeu é um repeteco da primeira fase da investigação, tem que se entender que, se a ministra do STJ liberou a apreensão de bens e tornou os saldos bancários indisponíveis, é porque devem ter provas coletadas, que ninguém ainda conhece e que podem complicar os arrolados. Ninguém sabe o que está nos autos. Por isso, cautela quando se minimiza tudo o que está sendo feito na operação.

COBRIR POSSÍVEIS DANOS

QUANDO se torna indisponível 120 milhões de reais entre bens e dinheiro para cobrir possíveis danos ao patrimônio público, é porque deve ter havido uma justificativa para a grave decisão. Esse valor não tem nada a ver com os 800 milhões anunciados na fase inicial da Ptolomeu.

DADO MAIS COMPLICADO

CONVERSEI ontem com um amigo desembargador aposentado sobre o caso. Para ele, o mais grave foi a apreensão do passaporte do governador Gladson Cameli, que pode ser um sinal que novas medidas contra ele venham a ser adotadas. Não nos antecipemos em condenações, deixem a justiça decidir. Onde todos terão o direito de defesa e podem ser condenados ou absolvidos. E, ponto.

DEVERIA SER A PRIMEIRA

A vice-governadora Mailza Gomes diz confiar na inocência do governador Gladson, o que é normal. Só saiu do tom ao falar que se trata de perseguição política, o que não é o ocaso. O caso é jurídico.  

BATOM NA CUECA

POR mais que se tente apresentar versões, mas se complica essa questão das joias para o ex-presidente Jair Bolsonaro. É como explicar para a mulher o batom na cueca.

BANCADA SE OMITIU

A BANCADA estadual do governo fez ouvido de mercador para a ação ontem de 300 agentes da PF contra o governo Gladson. Não houve nota conjunta de solidariedade. Pedro Longo, Nicolau Junior e André da Farmácia foram deputados que se apressaram e serem solidários de forma individual.

NÃO PARTIU PARA O ATAQUE

O ex-senador Jorge Viana (PT) foi comedido em analisar a situação do governador Gladson, mesmo sendo um declarado adversário do seu governo. 

O SENADOR Petecão (PSD) diz que o ex-prefeito Marcus Alexandre só não se filiará ao partido se não quiser, e que o convite está na mesa. O Marcus virou a cereja do bolo dos partidos.

SEM CORPORATIVISMO

O presidente da Câmara Municipal de Rio Branco, Raimundo Neném, está fazendo um mandato sem corporativismo. Foi assim na questão do projeto de reajuste salarial dos vereadores e do prefeito.

VOZ DA SOCORRO

A vereadora Elzinha (PSB) é a voz da ex-prefeita Socorro Neri na Câmara Municipal de Rio Branco. Não deixa um ataque sem resposta, o vereador João Luz (MDB) já provou do veneno da Elzinha.

REFLEXO IMEDIATO

O reflexo imediato da Operação Ptolomeu será o atraso de obras no estado, porque os secretários que as comandava foram afastados de seus cargos.

FRASE MARCANTE

“O início de um hábito é como um fio invisível, mas a cada vez que repetimos, o ato reforça o fio”. Sweet Marden.