O Conselho Internacional para o Controle de Narcóticos (INCB, na sigla em inglês) alertou hoje (9) que a legalização da cannabis para uso recreativo pode levar a um aumento do consumo, principalmente entre os jovens, sem reduzir a criminalidade associada.
O aviso é dado em mensagem da presidente do conselho, Jagjit Pavadia, no relatório anual da organização de 2022.
O estudo diz que foi analisada “detalhadamente essa tendência entre pequeno número de governos” e observado “que a legalização da cannabis pode causar muitos efeitos negativos na saúde, principalmente entre os jovens”.
O organismo lembra que o uso não medicinal da droga “viola a Convenção Única sobre Estupefacientes de 1961”, que a classifica “como substância altamente viciante”.
De acordo com o relatório, em locais onde a cannabis foi legalizada para uso recreativo registrou-se maior consumo da substância, bem como “aumento nos efeitos contra a saúde e de transtornos psicóticos” e um “impacto negativo na segurança rodoviária”.
“Cerca de 4% da população global, aproximadamente 209 milhões de pessoas, usam cannabis (dados de 2020)”, o que a torna a “droga ilícita mais utilizada no mundo”, afirma o comunicado de divulgação do relatório, acrescentando que “o cultivo da planta mostra tendência de crescimento na última década” e que o número de usuários “cresceu 23%”.
A utilização da droga varia bastante de acordo com as regiões, mas “é maior na América do Norte, Oceania e na África Ocidental”.
O INCB chama ainda a atenção para o fato de a legalização resultar em “menor perceção do risco” do uso. O conselho manifesta preocupação com a expansão da indústria de cannabis”, que comercializa produtos à base da droga “de modo atraente para os jovens”.
Por outro lado, destaca que são “poucos os dados confiáveis disponíveis sobre o impacto da legalização da cannabis para tirar conclusões significativas”. Além disso, “a variedade de modelos” utilizados dificulta a transferência de conjuntos de dados de um país para outro e as previsões sobre o sucesso ou as falhas de eventual legalização.
A organização recomenda que sejam mais estudados os efeitos do uso de cannabis em indivíduos e sociedades antes da tomada de decisões sobre o tema.
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