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Dia da Mulher: 16 mil estavam desempregadas no final de 2022

Segundo a Pnad Contínua, do IBGE, no Acre, a taxa de desemprego entre as mulheres atingiu 11,3% no quarto trimestre de 2022, período em que o desemprego entre os homens foi de 9,4%. Uma diferença de 1,9 ponto percentual entre os dois índices. Diferença que chegou a 5,5 pontos em 2019. Aproveito o Dia Internacional da Mulher, comemorado ontem 08/03, para comentar sobre a questão de gênero no mercado de trabalho acreano, altamente desfavorável às mulheres. Lembrando que, conforme dados de 2019, das 440 mil mulheres residentes nos lares acreanos, 128 mil eram as responsáveis por esses domicílios.


Somente 40,5% das mulheres com idade ativa estavam no mercado de trabalho


No Acre, conforme os dados do IBGE, mostrados no gráfico abaixo, existem 4.000 mais mulheres do que homens. Dentre a população que atinge a idade de trabalhar (14 anos ou mais, conforme o IBGE), as mulheres são 17.000 a mais. A diferença marcante é que elas, apesar de maioria, estão ausentes do mercado de trabalho das 351 mil mulheres existentes no Acre, somente 142 mil estavam dispostas a trabalhar, significando 40,5% daquelas em idade para trabalhar, para os homens, esse percentual é de 60%.


A economista Regina Madalozzo, conforme reportagem da BBC News do Brasil, explica que: “…Trata-se da dimensão cultural da desigualdade de gênero, que também tem influência direta no combate ao problema e se manifesta, por exemplo, nos estereótipos de gênero: a ideia de que cabe mais às mulheres do que aos homens o trabalho doméstico e o cuidado com crianças e idosos; ou de que algumas áreas do conhecimento, como as exatas e as tecnologias, são mais masculinas”. (https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4nljwjq0nno)



Enquanto o desemprego total ficou em 10% o desemprego das mulheres ficou em 11,3%.


No contexto dos quase 36 mil desempregados, no final de 2022, 16 mil eram mulheres, mesmo elas sendo ampla maioria na população em idade ativa. A taxa de desemprego total do Acre ficou em 10%, sendo homens 9,4% e mulheres 11,3%, conforme pode ser observado no gráfico abaixo:



Rendimento médio recebido pelas mulheres é 5% abaixo dos recebidos pelos homens.



Por outro lado, em termos de rendimentos em reais, as mulheres além de maior desemprego recebem menos (monetariamente) que os homens, conforme os dados do IBGE, explicitados no gráfico ao lado. Enquanto o rendimento médio dos homens é de R$ 2.312, o das mulheres é de R$ 2.202,00, portanto 5% abaixo. No Brasil, conforme o levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o rendimento médio mensal das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é 21% menor do que o dos homens – R$ 3.305 para elas e R$ 2.909 para eles. “A desigualdade de gênero no mercado de trabalho reproduz e reafirma esse desequilíbrio já existente em todas as esferas da sociedade, sob a forma do machismo. A partir dos papéis atribuídos a homens e mulheres, negros e negras, desenham-se as desigualdades e as relações de poder, seja econômico, sexual ou político”, destaca a pesquisa do Dieese : https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-03/mulheres-tem-rendimento-21-inferior-ao-dos-homens-mostra-pesquisa


A Taxa de subutilização da força de trabalho para as mulheres vai a 22,7%



Um outro indicador que demonstra a vulnerabilidades das mulheres no mercado de trabalho é a Taxa de Subutilização da Força de Trabalho. A Subutilização é um conceito construído para complementar o monitoramento do mercado de trabalho, além da medida de desocupação, que tem como objetivo fornecer a melhor estimativa possível da demanda por trabalho em ocupação. Ela é composta pelas pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, pelos desocupados e pela força de trabalho potencial.


A taxa para o Acre foi de 20,2%. Apesar da queda em relação ao último trimestre de 2021 (31%) ainda é muito alta, principalmente no caso das mulheres (22,7%). O indicador é muito influenciado pela alta taxa de desocupação e, principalmente, pela força de trabalho potencial.  A taxa de 22,7% para as mulheres, indica que a volta delas ao mercado de trabalho depois da pandemia, ocorreu de forma precária, com um alto número delas ainda subocupadas. 


Fico indignado quando li no Jornal  Folha de São Paulo do dia 06/3, que a OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgou que as  mulheres enfrentam mais dificuldades no acesso ao mundo do trabalho do que se pensava anteriormente, e a diferença de salários e condições permaneceu quase inalterada nas últimas duas décadas.(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/desigualdade-de-genero-no-mercado-de-trabalho-e-maior-do-que-se-pensava-afirma-oit.shtml) .


Minhas homenagens às mulheres acreanas. Em especial para a minha esposa, minhas filhas e a minha querida mãe. A luta tem que continuar em buscar de um lugar mais digno para as mulheres em todos os aspectos da vida social. Incluindo logicamente, uma participação mais digna no mercado de trabalho!



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.