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Morre Roberto Dinamite, maior ídolo da história do Vasco, aos 68 anos

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Lutando contra um câncer no intestino desde o início do ano passado, a lenda do Vasco da Gama Roberto Dinamite não resistiu à grave doença e morreu neste domingo, 8 de janeiro de 2023, no Rio de Janeiro. Ele deixa quatro filhos e sua esposa, Jurema.


Em janeiro de 2022, o ex-atleta informou, através de uma publicação nas redes sociais, que daria início ao tratamento de quimioterapia após a descoberta de ‘alguns tumores’. Na véspera do Natal de 2021, Dinamite já havia passado por uma cirurgia por conta da obstrução de uma parte do intestino e recebeu alta em 31 de dezembro do mesmo ano.

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Em meados de maio, passou por uma nova cirurgia para a retirada de um tumor. À época, o procedimento só foi divulgado pelo ex-jogador dias depois, que comemorou. “Fiz mais uma cirurgia para retirada de um tumor, a cirurgia foi um sucesso, mais uma etapa dessa jornada que se Deus quiser será vitoriosa”, escreveu à época.


Carlos Roberto de Oliveira, o Dinamite, nasceu no dia 13 de abril de 1954, às 4h25, no bairro São Bento, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. À época, ainda não era conhecido pelo apelido que o consagrou no mundo do futebol, e era chamado de Calu. A intimidade com a bola, porém, começou desde pequeno.


Aos 12 anos, já era titular – e artilheiro – do principal time do bairro, o Esporte Clube São Bento. Sua grande referência era Jairzinho, tricampeão com o Brasil na Copa do Mundo de 1970, no México. E um ano antes daquele Mundial, foi convidado por Gradim, um dos olheiros do Vasco que garimpava jovens talentos pelo subúrbio do Rio, para treinar nas categorias de base do clube.


E só foi preciso um mês para que ele já fizesse parte do juvenil do Vasco, anotando mais de 46 gols em pouco mais de um ano.


Estreia como profissional e apelido de ‘Dinamite’
Depois de se destacar no juvenil do Vasco, Roberto chamou atenção de Mário Travaglini, técnico do time principal na época, e foi relacionado para a disputa do Campeonato Brasileiro de 1971.


No dia 14 de novembro de 1971, ainda com 17 anos, fez sua estreia como profissional pelo Cruzmaltino, contra o Bahia. Na ocasião, já sob o comando de outro técnico, Admildo Chirol, foi colocado em campo na vaga do meio-campista Pastoril, na volta do intervalo. Apesar da derrota por 1 a 0, o jovem Calu já começava a chamar atenção dos brasileiros.


Apesar da derrota, o Vasco se classificou para a disputa da segunda fase do torneio, onde os cariocas enfrentariam o Atlético-MG (que seria campeão), Internacional e Santos, que à época ainda tinha o Rei Pelé no time.


Antes da partida contra o Galo, foi muito bem nos treinos e ganhou vaga entre os titulares. Na véspera do compromisso, ganhou destaque no Jornal dos Sports, que escreveu em sua manchete: “Vasco escala garoto-dinamite”. O apelido, foi criação dos jornalistas Eliomário Valente e Aparício Pires.


E o primeiro gol como profissional foi marcado no dia 25 de novembro, contra o Inter, no Maracanã. No segundo tempo, quando o Vasco vencia por 1 a 0, Dinamite entrou na vaga de Gilson Nunes. E na primeira bola que recebeu, driblou quatro marcadores e colocou a bola no canto esquerdo do goleiro colorado. Calu ficava para trás e começava a ‘Era Dinamite’ no Cruzmaltino.


Lenda do Club de Regatas Vasco da Gama
A relação de Dinamite com o clube carioca sempre foi estreita. Sua primeira passagem foi de 1971 a 1979, e foi durante o período que ele conquistou o principal título dos 30 que venceu vestindo a camisa cruzmaltina: o Campeonato Brasileiro de 1978, o primeiro da história do Vasco, que à época foi o primeiro carioca a ser campeão da competição.

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A competição, inclusive, o marcou. Não à toa, até os dias de hoje segue como o maior artilheiro da história da mesma: 190 gols em 328 jogos, com média de quase um gol por partida.


Além do Brasileiro, Dinamite também foi pentacampeão do Campeonato Carioca (1977, 1982, 1987, 1988 e 1992), entre os 37 títulos conquistados com o manto cruzmaltino.


Pelo Vasco, anotou 708 gols em 1.110 jogos. Já na carreira como um todo, foram 784 bolas na rede, com 26 pela seleção, 3 pelo Barcelona, 11 pela Portuguesa e 36 em amistosos.


No início do ano passado, em comemoração aos 50 anos de sua estreia com a camisa do clube, ganhou uma estátua no gramado de São Januário, que acompanhou de perto e se emocionou com a homenagem.


Passagem pelo Barcelona e convite para jogar no Flamengo
Sua primeira passagem pelo Vasco só foi interrompida por conta da ida para o Barcelona, entre 1979 e 1980. Na Espanha, fez apenas 11 partidas e anotou 3 gols, sendo dois deles em sua estreia.


Pouco prestigiado pelo técnico do Barça à época, Helenio Herrera, Dinamite não durou muito tempo no futebol espanhol. E sabendo do momento do atacante na Europa, o presidente do maior rival do Vasco, Flamengo, Márcio Braga, foi pessoalmente conversar com Dinamite.


Porém, com a pressão feita pela torcida, o atacante foi avisado para não assinar com Rubro-Negro, e o Vasco entrou na jogada para repatriá-lo. E assim foi feito. Recontratado, ele foi recebido com uma enorme festa em São Januário.


Sua segunda passagem durou de 1980 a 1992, com passagens pela Portuguesa e Campo Grande-RJ, por empréstimo, durante o período. A carreira ele encerrou com a camisa do Cruzmaltino, em 1992.


Seleção brasileira
Com passagens pelas seleções de base do Brasil, Dinamite defendeu o time principal entre 1975 a 1984, tendo a oportunidade de disputar as Copas de 1978 e 1982. Em 1986, apesar da boa fase com o Vasco, foi esquecido pelo técnico Telê Santana da lista de convocados, mesmo treinador que o chamou para o Mundial da Espanha, como substituto de Careca, mas não o utilizou em nenhum jogo.


Dirigente do Vasco e vida política
Em 1992, entrou na política e foi eleito vereador do Rio de Janeiro pelo PSDB. Dois anos depois, foi eleito deputado estadual, se reelegendo em 1998, 2002, 2006 e 2010. Em 2002, já no PMDB, permaneceu até o fim de seu mandato no cargo.


Dinamite também foi presidente do Vasco, sendo eleito em junho de 2008. No mesmo ano, o clube passava por uma grava crise financeira e não vinha vem no Campeonato Brasileiro, sendo rebaixado pela primeira vez à Série B em sua história no fim daquele ano, após assumir o posto que pertencia a Eurico Miranda.


Em 2009, o Vasco subiu como campeão da Série B e voltou à elite do futebol brasileiro. Dois ano depois, em 2011, o clube foi campeão da Copa do Brasil, chegou às semis da Copa Sul-Americana e vice do Campeonato Brasileiro, em um ‘ano mágico’.


Deixou o clube em 2014 como dirigente, com um novo rebaixamento no ano anterior. O Vasco, porém, conseguiu o acesso, com o retorno de Eurico Miranda em 2015.


Últimos meses de vida lutando contra um câncer
A lenda do Cruzmaltino passou os últimos meses de vida sobretudo em casa, na companhia da família e amigos. Durante o período, recebeu as visitas do ex-atacante Bebeto, Zico, ídolo do arquirrival Flamengo, e até mesmo outras personalidades, como o cantor Raimundo Fagner.


Apesar da gravidade da doença, nunca tirou o sorriso do rosto e constantemente fazia publicações nas redes sociais, sempre com o astral lá em cima.


Durante o período, teve a chance de acompanhar o acesso do Vasco à Série A do Brasileirão, depois de uma Série B para lá de disputada em 2022. Era comum ver vídeos do ex-jogador assistindo às partidas do clube que o consagrou dentro das quatro linhas, em cenas repletas de emoção.


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