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De volta à cena do crime

Por
Valterlucio Campelo

A frase que dá título ao presente texto foi uma das mais repetidas durante a campanha cujo resultado declarado pelo TSE foi a vitória do ex-presidiário Lula da Silva, e tem como autor o seu companheiro de chapa Geraldo Alckmin, que a proferiu quando ainda preservava um mínimo de dignidade e apreço à verdade. Foi dela que me lembrei ao ver o espetáculo deprimente de apresentação do novo-velho ministério lulopetista. A cena é do complexo penitenciário de Bangu.


Dos 37 novos ministros, mais da metade já se viram em apuros perante a justiça. O leitor faz ideia do que isso significa? É como se os ladrões que lhe assaltaram ontem entrassem hoje em sua casa, pela porta da frente, como convidados. Você os reconhece, sabe do que são capazes, mas tem que suportá-los no jantar porque a justiça deu um jeito de lhes lavar a sujeira. De banho tomado, se sentarão à mesa e se fartarão no banquete público.


Foram dias intensos os que vivemos entre o dia da declaração do resultado e o da posse do Lula da Silva. Milhões de pessoas foram às portas dos quartéis, sob o silêncio do presidente Bolsonaro, para pedir algum tipo de ação que sossegasse seus corações quanto à desconfiança em relação à lisura do processo eleitoral propriamente dito ou, melhor dizendo, da integridade das urnas. Durante dois meses, patriotas alimentaram a expectativa de uma ação resolutiva, de curto prazo, que restauraria a confiança do povo nas instituições. Não aconteceu. O ex-presidiário e seu grupo voltaram à cena como em um gran finale macabro de uma ópera regida por togados, velha imprensa e sistema financeiro.


É cedo ainda para prognósticos, pois tudo pode acontecer quando o chefe age sem seguir um plano conhecido pela população. Lula da Silva obteve do TSE uma espécie de carta branca para fazer o que quiser. Ninguém sabe exatamente quais os limites que ele mesmo se imporá, já que conta com uma justiça militante e um parlamento invertebrado. Vai enfiar o pé no acelerador dos gastos públicos, do aumento do estado, da roubalheira, da revogação de reformas, da imposição da censura, da fragilização do direito de propriedade, da perseguição religiosa, da restrição de liberdades? Seus lacaios garantem que sim. Terá condições reais de fazê-lo? Seus adversários garantem que não.


Lembrando Maquiavel, se pode dizer que os homens e mulheres que o cercam atestam a vileza que o levou ao presídio por corrupção e lavagem de dinheiro. Reconheçamos, há muita coerência naquele palco que mesmo aumentado deixou de fora alguns mamadores ávidos pela oportunidade de acessarem o erário. Uma mistura pestilenta de incompetência, oportunismo e miséria moral é flagrante na equipe ministerial e sinaliza para um período de trevas. Não à toa, muitos economistas, empresários e analistas políticos estão tirando suas fichas da mesa, o mercado reage mal às primeiras medidas da área econômica. Desconfio que logo aparecerão “em defesa da democracia” as medidas contra a liberdade de opinião e organização. 


Seu discurso foi uma mistura já esperada de mentiras e falsificações de toda ordem. Privilegiado pela toga e pela velha imprensa, se disse injustiçado na campanha; com o país apresentando indicadores econômicos excepcionais, disse encontrar uma economia desorganizada (prepara a desculpa de herança maldita); com indicadores de desemprego, pobreza e violência em queda permanente, disse encontrar um país destruído; além disso, sofismas, ambiguidades, frases de efeito, retórica vã. Enfim, o velho Lula da Silva não esqueceu nada nem aprendeu nada, é o mesmo larápio boquirroto de sempre.


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Valterlucio Campelo

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