Numa reviravolta inesperada até mesmo para os assessores mais próximos de Luiz Inácio Lula da Silva, o governo de Jair Bolsonaro revogou na manhã desta sexta-feira um decreto que impedia que membros da administração de Nicolas Maduro entrassem em território nacional.
No final da semana passada, a reportagem do UOL revelou que Lula havia desistido de ter no dia 1 de janeiro a presença do presidente da Venezuela. O motivo era uma portaria ainda de 2019 emitida por Jair Bolsonaro que impedia que o governo de Caracas entrasse em território nacional.
Por semanas, a equipe de transição e o governo Bolsonaro negociaram uma revisão da lei. Mas houve uma recusa por parte do Palácio do Planalto. A situação foi inclusive explicada para Maduro que, em conversas reservadas, indicou que entendia a situação. Lula, porém, queria toda a América do Sul reunida em Brasília, num gesto simbólico da retomada do processo de integração regional.
Numa portaria publicada no Diário Oficial e assinada pelos ministros Antonio Ramirez Lorenzo (Justiça) e Carlos França (Relações Exteriores), fica revogada a portaria que impedia a entrada de autoridades venezuelanas, de 19 de agosto de 2019.
Se a portaria abre a possibilidade para uma delegação venezuelana, não está garantido que haja tempo suficiente para organizar uma viagem de Maduro. Um dos obstáculos seria a questão de segurança e a impossibilidade de que uma delegação avançada desembarque em Brasília para preparar a chegada do presidente da Venezuela.
Uma opção seria o envio de uma delegação chefiada pela vice-presidência. Caracas, segundo a coluna apurou, começou já a preparar uma missão e, ainda nesta sexta-feira, deve determinar quem representará o governo bolivariano na posse.
Num total, cerca de 60 delegações estarão em Brasília.
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