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“Mais economia e menos Estado”, sugere estudo sobre extrema pobreza no Acre

Por
Raimari Cardoso

A redução do número de pessoas em situação de extrema pobreza no Acre ocorre nos períodos em que há grande volume de execução de obras e constância nos repasses federais. É o que diz um estudo do Instituto de Gestão, Avaliação e Pesquisa Aplicada em Ciência, Tecnologia e Inovação – Sapien – por meio do Plano de Diagnóstico de Desenvolvimento do Acre (ACRESCE), lançado nesta sexta-feira (16) em parceria com a Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (SEICT).


Embora seja um estado que se destaca relativamente na agropecuária, essa não é a principal fonte de circulação de renda na região. O Acre ainda tem sua economia fortemente atrelada à circulação de dinheiro proveniente do salário do funcionalismo público. Os servidores públicos ainda são maioria dos empregados no Acre, seguidos pelos empregos gerados pelo comércio e construção civil. Esses dois últimos setores sofreram com estagnação durante a pandemia de Covid-19.


Em pesquisa divulgada em outubro de 2022, o Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e da Previdência, informou que o comércio apresentou a maior variação relativa na oferta de emprego com carteira assinada no Acre. Junto com o setor de serviços e a construção civil, o comércio alavancou o emprego naquele mês, o que comprova que essas são áreas que movimentam a geração de emprego e renda na região. O Caged pontuou ainda que a agropecuária e a construção apresentaram recuo em seus índices no mês de outubro, 0,40% e 0,48%.


“Como gestor, precisamos buscar dados e sugerir soluções para os problemas identificados para enfrentar os desafios rumo ao desenvolvimento da tecnologia, da indústria e da economia da nossa região. O Acresce servirá como instrumento para nós, gestores governamentais, para os formadores de opinião, empresários, parceiros privados, pesquisadores e qualquer outra pessoa que queira acessar e pesquisar dados ou obter informações sobre o Acre”, afirmou Assurbanipal Mesquita, secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre.


O estudo diz que atualmente o crescimento da pobreza no Acre se nivela a do Brasil e a de Rondônia, sendo que em 2021, o estado tinha, em percentuais, quase que o dobro da média nacional de pessoas vivendo como extremamente pobres ou com rendimento domiciliar per capita menor que US$ 1,9 PPC (Paridade de Poder de Compra). No Brasil, foram 8,4% e no Acre 16,5%. Na Região Norte, os extremamente pobres somaram 12,5%.


“O Estado do Acre é o que exibe o maior percentual regional de extrema pobreza. A série histórica do percentual de extremamente pobres vem desde 2012. Em 2012, no Acre havia 13%, no Brasil 6%, e na Região Norte 10% de extremamente pobres. Analisando a extrema pobreza, o melhor período de queda do índice foi de 2014 e 2015, depois acelera muito, chegando aos dados elevados em 2019. Contudo, em 2020, com as intervenções de socorro à população em virtude da pandemia e suas restrições, como pagamento de auxílios aos mais afetados pela crise sanitária, o estado registra uma queda abrupta no percentual de extremamente pobres. O que destaca a acentuada retomada aos mesmos patamares de 2019, em 2021”, diz o estudo.


“Na pobreza, o percentual sempre flutuou na faixa de acima dos 40%, mas percebe-se muito mais cavado no Norte que no Brasil, com Acre e Rondônia fazendo a mesma curva, mostrando que os Estados do extremo oeste do país enfrentam a mesma situação. E o Acre acaba praticamente no mesmo percentual do início da série em 2012 na casa dos 47% de pobres. Mas, 2018 (42,6%) e 2020 (40,1%) são os pontos mais baixos da linha. O aumento recente, tanto na extrema pobreza quanto na pobreza, foi de 6% no total. Como pobreza inclui a extrema pobreza, podemos acreditar que por isso registra-se crescimento entre os de pior situação”, acrescenta outro trecho.


Diante do exposto, a equipe de pesquisa do Instituto Sapien avalia que é necessário diminuir a dependência do dinheiro público do Estado como maior movimentador da economia, sabendo que para cada R$ 100 injetado na economia estadual, R$ 72 são de origem estatal.


“Os desafios são muitos, mas acreditamos que evidenciaremos diagnósticos e soluções para reduzir os níveis de extrema pobreza no Acre. É imprescindível ressaltar que desenvolvimento é um processo que envolve não apenas dados e informações. É fundamental que haja mudanças em todas as áreas, transformação e vontade por parte de todos os atores envolvidos”.


Em resumo, a equipe do Instituto Sapien afirma que é absolutamente necessário diminuir a dependência do Acre dos aparatos meramente governamentais.


“As pessoas estão pobres porque não há economia consolidada, pois há excessiva dependência do governo do estado, do governo federal e de empréstimos nacionais e internacionais variados. Falta gerar riquezas e com elas empregos de qualidade e renda. Esse é um recado claro que se extrai dos dados combinados, que serão aprofundados pelo Instituto Sapien: mais economia e menos Estado”.


ACRESCE


Lançado em Rio Branco nesta sexta-feira, dia 16 de dezembro, no auditório da Federação das Indústrias do Acre (FIEAC), o ACRESCE, um plano de Diagnóstico para o Desenvolvimento Econômico do Acre: Meio Ambiente e Economia, realizado pelo Instituto Sapien, tem o objetivo de apontar meios e desafios para alavancar o crescimento econômico do Acre.


O diagnóstico almeja contribuir no planejamento da economia do estado, utilizando-se de informações coletadas por pesquisas, levando em consideração desafios, problemas, potencialidades e projeção de soluções para a próxima década.


A metodologia se baseia na coleta de um conjunto extenso de dados, informações e indicadores secundários e primários capaz de ajudar e subsidiar o planejamento da economia do Acre, gerando desenvolvimento e aproveitamento racional das riquezas naturais com indicação de possibilidades de financiamento e aprimoramento técnico.


“As evidências científicas servirão para nortear as proposições de soluções para os problemas identificados e apontar os desafios para o desenvolvimento encontrados na região. É um instrumento para subsidiar gestores governamentais, formadores de opinião, empresários, pesquisadores e qualquer outra pessoa que queira pesquisar dados ou obter informações sobre o Acre”, diz o Instituto Sapien.


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Raimari Cardoso

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