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Na pandemia, PIB do Acre caiu 4,2%; sétima maior queda dentre os estados 

No último dia 04/11, o IBGE divulgou, através do Sistema de Contas Regionais, o PIB de 2020, ano em que a pandemia de COVID-19 impactou a economia mundial. O estudo, que é elaborado em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), mostrou que o Acre apresentou queda no volume de 4,2% em relação a 2019, ficando acima da média de queda do Brasil, que foi de 3.3%. Mesmo com a queda, a participação do Acre na economia brasileira manteve-se em 0,2%.



Somente dois estados tiveram aumento do Produto Interno Bruto (PIB), Mato Grosso do Sul (0,2%) e Roraima (0,1%). O Mato Grosso apresentou estabilidade (0,0%). Os demais apresentaram quedas em seus volumes em relação a 2019.  A maior queda foi no Rio Grande do Sul (7,2%) e no Ceará (5,7%).


Conforme demonstrado no gráfico a seguir, na Região Norte, as maiores quedas do volume do PIB ocorreram em Rondônia (4,4%) e no Acre (4,2%). Somente Roraima apresentou variação positiva (0,1%).



Conforme o IBGE, o PIB do Estado do Acre foi estimado em R$ 16,5 bilhões. Verificou-se queda em todos os setores. O setor que mais variou negativamente foi o da Agropecuária (17,4%), seguido pelo da Indústria (7,3%). Até mesmo o setor de Serviços apresentou queda de 3,1%.



Agropecuária caiu 17,4% e foi o setor com maior retração. Sua participação no valor adicionado bruto do PIB caiu de 7,5% (2019) para 6,6% (2020).


Diz o IBGE: 


“…a Agropecuária apresentou a maior retração, com queda em volume de -17,4%, em 2020, em relação a 2019. A participação da atividade no total do valor adicionado bruto do estado foi de 6,6%, o que representou uma perda de 0,8 ponto percentual, em comparação ao ano anterior. O resultado foi influenciado, sobretudo, pela retração verificada na produção de Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita, atrelada ao desempenho da produção da mandioca, cultivo de grande relevância na agricultura do estado. Vale ressaltar que, o cultivo de soja vem expandindo sua produção no estado, entretanto, o impacto do crescimento em termo de volume não foi suficiente para garantir uma variação positiva do valor adicionado bruto da atividade, em 2020. Já a Pecuária, inclusive o apoio à Pecuária, apresentou variação positiva de 7,2%, em termo de volume, influenciada pela criação de bovinos, principal segmento da atividade. A participação dessa atividade na economia do estado apresentou ganho de 1,1 pontos percentual, passando de 5,0% em 2019, para 6,1%, em 2020.” (Fonte: IBGE – Sistema de Contas Regionais: Brasil – 2020 – Principais destaque por Unidade da Federação – acesso em 04/11/2022).


Volume da produção da Indústria registra queda de 7,3% entre 2019 e 2020. No entanto, a sua participação no valor adicionado bruto subiu de 7,2% (2019) para 8,1% (2020).


Diz o IBGE: 


“A Indústria apresentou variação negativa de 7,3%, em termos de volume, entre 2019 e 2020, e representou 8,1% do valor adicionado bruto, em 2020. A queda na produção da Indústria foi motivada pelo desempenho da atividade de Construção, que registrou variação em volume de -11,3%, seguido por Indústrias de transformação, cuja variação foi de -6,7%; as duas atividades somadas representaram 73,3% da atividade industrial do Estado. Por outro lado, a atividade Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação apresentou resultado positivo, com crescimento em volume de 1,8% e ganho de participação, saindo de 1,2%, em 2019, para 2,1%, em 2020.” (Fonte: IBGE – Sistema de Contas Regionais: Brasil – 2020 – Principais destaque por Unidade da Federação – acesso em 04/11/2022).


Volume de Serviços caiu 3,1%. A sua participação no valor adicionado bruto do PIB permaneceu em 85,3% (2019 e 2020).


Diz o IBGE: 


“O grupo de atividades de Serviços é o maior da economia do estado e correspondeu a 85,3% do valor adicionado bruto, em 2020. No mesmo ano, o grupo de Serviços registrou queda em volume de 3,1%. Considerando a participação em relação ao total do valor adicionado bruto, a Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social foi atividade que mais contribuiu para este resultado, pois, com participação de 40,8% na economia, a atividade apresentou queda de volume de 4,8%. Outras atividades que contribuíram para a queda deste grupo foram:  Alojamento e alimentação (-28,9%); Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços (-19,0%) e Educação e saúde privadas (-1,4%). Em contrapartida, quatro atividades apresentaram crescimento em volume, foram elas: Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares (9,7%); Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (6,3%); Comércio, manutenção e reparação de veículos automotores e motocicletas (2,7%) e aatividades imobiliárias (0,9%).”  


Em 10 anos, os setores da Agropecuária e da Indústria reduziram suas participações no valor adicionado bruto do PIB em detrimento do aumento do setor de Serviços.


Conforme demonstrado no gráfico a seguir, a participação do setor de serviços no PIB acreano subiu 10 pontos em 10 anos. Logicamente que o crescimento foi em detrimento da queda da participação dos setores da agropecuária (-3,8 p.p.) e da indústria (-6,2 p.p.). 


Conforme BAUMANN (2022), é importante ressaltar que o papel das atividades de serviços na economia mundial contemporânea, além do atendimento ao consumo final das sociedades, tem sido de facilitar as transações econômicas, seja proporcionando os insumos essenciais ao setor manufatureiro, contribuindo com a expansão de polos de desenvolvimento. A competição nos mercados mundiais leva à necessidade do consumo crescente de serviços, de uma forma mais barata, veloz e eficiente. No Acre, é preciso avançar no crescimento da inovação tecnológica e organizacional na área de serviços, tanto nos serviços públicos como nos serviços privados. Essa parece ser uma tarefa inadiável.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.