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Em um ano, os empregos na Agropecuária cresceram 23,5% enquanto na Indústria e na Construção, caíram 21,4% e 8,7%, respectivamente

Por
Orlando Sabino

O IBGE divulgou, no último dia 17, o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD Contínua, referente ao terceiro trimestre de 2022. Comparando os dados publicados com aqueles divulgados no ano passado, referentes ao mesmo trimestre, obtém-se alguns movimentos importantes na força de trabalho acreana. Conforme pode ser observado no gráfico a seguir, em um ano ocorreu um amplo deslocamento da força de trabalho para o setor primário da economia. O setor da agropecuária, que incluí atividades da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, apresentou um crescimento de 23,5% das pessoas ocupadas nesse setor, saindo de 34 mil para 42 mil pessoas, agregando, portanto, 8 mil pessoas ao mercado.


Por outro lado, observa-se uma queda no número de pessoas ocupadas em dois setores importantes da nossa economia, a saber: a indústria, que caiu 21,4%, saindo de 28 para 22 mil pessoas ocupadas (perda de 6 mil pessoas); e a construção, que caiu 8,7%, perdendo 2.000 empregos, saindo de 23 mil para 21 mil pessoas ocupadas.


Para os demais setores, observou-se uma estabilidade nos empregos gerados no setor do comércio, uma queda do setor de serviços (sem o setor público) -9,8% e um crescimento de 8,3% nos serviços da administração pública, um ganho de 7.000 ocupações. 



Em um ano, mesmo com 18 mil pessoas deixando o mercado de trabalho, a taxa de desemprego caiu de 13, 8% para 10,1%


Conforme os dados apresentados no gráfico a seguir, em um ano, por algum motivo, principalmente por desalento, 18 mil pessoas deixaram o mercado de trabalho, ou seja, não procuraram mais emprego. Por esse motivo, mesmo com um pequeno aumento das pessoas ocupadas (2.000 pessoas) em um ano, a taxa de desemprego (medida pelos desocupados em relação a força de trabalho no mercado) caiu 30,8%, saindo de 52 mil pessoas (13,8%), em 2021, para 36 mil pessoas (10,1%) em 2022. A taxa do terceiro trimestre de 2022 é a menor desde o primeiro trimestre de 2016 (8,9%).



Informalidade aumenta levemente e atinge 46,9% dos ocupados (mais de 151 mil pessoas).


No cálculo da proxy de taxa de informalidade da população ocupada são considerados: os empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada; o empregado doméstico sem carteira de trabalho assinada; o empregador sem registro no CNPJ; o trabalhador por conta própria sem registro no CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar. 


No gráfico a seguir temos em destaque a comparação das principais categorias componentes do setor informal. Observa-se que, embora verificando-se uma estabilidade no número total de trabalhadores no setor informal (pouco mais de 151 mil pessoas), observa-se mudanças significativas na composição das categorias do setor.


Os empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada aumentaram 23,5%, saindo de 33 mil para 46 mil pessoas, e foram os únicos que aumentaram em um ano. Por outro lado, outro destaque importante, foi a queda dos ocupados que trabalham por conta própria e que não possuem CNPJ, saindo de 91 mil pessoas, em 2021, para 81 mil em 2022. É importante acompanhar a trajetória do trabalhador por conta própria, ou os autônomos, pois eles representam 27,6% de todas as ocupações no Acre.


Com as medidas restritivas durante a pandemia, fechamento de empresas, elevação do desemprego e incertezas socioeconômicas, muitos acreanos passaram a buscar alternativas para continuarem no mercado de trabalho. Muitos se tornaram autônomos como uma estratégia de sobrevivência, realizando bicos e trabalhos temporários. Portanto, os dados que indicam que os autônomos estão criando seus CNPJ é muito importante, pois estudos indicam que os autônomos com registro (CNPJ) conseguem ter uma renda mais elevada do que aqueles sem registro.



 


 Enquanto o número de desalentados no terceiro trimestre de 2021 era de 47 mil pessoas, um anos depois, em 2022 era de 23 mil pessoas, uma queda de mais de 50% em termos absolutos. No 3º trimestre de 2022, 62,8% dos empregados do setor privado tinham carteira de trabalho assinada, abaixo dos 69,2% em 2021. No mesmo sentido, os ocupados como trabalhadores domésticos, que em 2021 tinham carteira de trabalho assinada eram 25%, em 2022, o percentual caiu para 17,6%.


Portanto, embora a taxa de desemprego tenha caído significativamente em um ano, alguns indicadores demonstram sinais de precarização do mercado do trabalho, medida pelo aumento da taxa de informalidade e queda na renda. Os números indicam que o rendimento médio real habitual de todos os trabalhos das pessoas ocupadas e a massa de rendimentos real habitual de todos os trabalhos das pessoas ocupadas, caíram mais de 2,5% em um ano, não nos permitindo uma comemoração mais eloquente.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas 


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