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A democracia e a revolta dos lambe-coturnos

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Luiz Calixto

Ao final do último debate promovido pela rede Globo, o presidente Jair Bolsonaro declarou à jornalista Renata Lo Prete que respeitaria o resultado das eleições. Às 18h44m do domingo, o TSE informou que o candidato Lula havia sido eleito com 50,80% dos votos.


Para quem falou que respeitaria o veredito das urnas, no mínimo, esperava-se do derrotado que este telefonasse civilizadamente para parabenizar o vencedor, como fazem todos os estadistas mundiais.


Não se trata de ser fanático bolsonarista tampouco um radical petista. O centro da questão é o respeito à democracia.


Mas o que fez Bolsonaro? Sorumbático com o resultado das urnas, enfurnou-se no Palácio do Planalto. Somente 45 horas após a promulgação de sua sentença, este deu as caras para dizer meia dúzia de palavras, sem, no entanto, expressar nenhuma delas para reconhecer o resultado do pleito.


Nesse longo intervalo de horas, baderneiros facistas fecharam estradas impedindo o livre direito de ir e vir consagrado na Constituição brasileira.


Hoje, 24 de novembro, quase trinta dias após a proclamação do resultado eleitoral do segundo turno e de silêncio do rei morto, um segmento tresloucado da sociedade, alimentado por notícias falsas, clama por novas eleições sob a alegação de fraude nas urnas eletrônicas, as mesmas cujas teclas e memórias elegeu majoritariamente governadores, senadores e deputados com DNA bolsonarista.


Essas reações são a demonstração de apenas um tira-gosto daquilo que Bolsonaro faria caso tivesse sido eleito: uma ditadura com adornos de democracia.


O que assistimos hoje, ao vivo e em cores, um dia será contado nos livros de história para as gerações futuras.


A história brasileira é rica em episódios de revoltas populares e revoluções, entre as quais, a Revolução Acreana, a Inconfidência Mineira, a Guerra de Canudos, a Cabanagem, a Revolta dos Farrapos, a Guerra do Paraguai etc. ⏤ cada uma destas com causas e objetivos capazes de encher de orgulho e inflar os brios, tanto dos que lutaram quanto dos que leram nos livros de história.


No caso atual, para se fazer justiça aos motivos que levam os bolsonaristas a acamparem na frente de quartéis do Exército Brasileiro, a revolta, sem dúvida, será eternizada nos compêndios como “a revolta dos lambe-coturnos”.


Vergonhosamente, nossas gerações vindouras terão que estudar esses momentos para responder nos exames do Enem que uma parcela significativa da população brasileira, estimulada pelo silêncio de um candidato derrotado, deu plantões na frente de quartéis do Exército clamando por uma intervenção militar, reclamando de urnas que foram honestas para eleger o clã Bolsonaro por 25 anos seguidos, incluindo centenas de aliados, e fraudadas para derrotar especificamente o presidente.


Até o prefeito bolsonarista Tiao Bocalom, que foi eleito com 63% de votos eletrônicos, declarou que as urnas não são confiáveis.


Fato é que os patriotas não estão sendo levados a sério nem pelas forças armadas, a qual tanto bajulam.


Quem circulou ontem por Rio Branco teve a oportunidade de ver as filas de veículos tentando salvar-se da escassez de combustíveis em razão da interdição da BR-364, um dos métodos antidemocráticos usados na revolta dos lambe-coturnos.


Lamentável que no futuro algum historiador tenha que anotar que essa os revoltosos batiam continência e cantavam o hino nacional para pneus.


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