O Brasil intensificará a proteção da Amazônia sem condicionar suas ações à ajuda internacional. Foi o que disse, neste sábado (12) a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, integrante da equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva à COP27.
Cotada para assumir novamente o ministério, Marina Silva (Rede) descreveu essa luta como uma “prioridade estratégica”, após quatro anos de governo Bolsonaro marcados, segundo destacou, por um aumento acentuado do desmatamento e das queimadas na maior floresta tropical do planeta.
Durante um encontro com a imprensa, em Sharm el-Sheikh, onde é realizada a COP27, ela estimou que o Brasil dará “o exemplo” em escala mundial ao perseguir uma meta de reflorestamento de 12 milhões de hectares. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, é esperado na próxima semana no encontro.
Marina Silva estimou que a visita de Lula, prevista para terça-feira (15) em Sharm el-Sheikh, demonstrará que “o Brasil está recuperando sua posição de parceiro do meio ambiente no sistema multilateral”.
Ela assegurou que o país agirá “por seus próprios meios” no combate ao desmatamento, sem condicionar seus esforços à retomada da ajuda internacional, suspensa por muitos países por causa das políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que favoreceu a agroindústria às custas da floresta amazônica.
No entanto, ela disse ter ficado satisfeita com o fato de a Noruega e a Alemanha terem anunciado, após a vitória de Lula, que estavam prontas para retomar o seu apoio financeiro, cortado em 2019, logo após a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, e disse que o Brasil buscaria parceiros adicionais.
Marina Silva insistiu na necessidade de criar uma estrutura específica para coordenar a ação climática entre os diferentes ministérios do futuro governo.
A Amazônia é o maior sumidouro de carbono do mundo, essencial para o combate às mudanças climáticas, mas agora está muito frágil e, segundo um estudo publicado em março, está se aproximando de um “ponto de inflexão” mais rapidamente do que o esperado.
COP no Brasil
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deverá aproveitar a sua presença na Conferência do Clima (COP27), no Egito, para anunciar a criação do cargo de Autoridade Nacional do Clima e apresentar um convite para que uma das próximas COPs, possivelmente a de 2025, aconteça no Brasil, disseram à Reuters fontes que acompanham a cobertura.
A proposta da criação da ANC -inspirada no modelo adotado pelo governo norte-americano de Joe Biden, que colocou neste posto o ex-senador John Kerry- já havia sido levantadada durante a campanha presidencial, e foi endossada por Lula ao ser apresentada por Marina Silva como uma de suas propostas ao declarar apoio à candidatura petista.
Respeitada internacionalmente em temas ambientais, a deputada eleita por São Paulo e ex-ministra do Meio Ambiente é atualmente, de acordo com fontes da campanha petista, um dos nomes cotados para o cargo, previsto para coordenar os esforços interministeriais ligados ao tema.