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Do relatório do Exército sobre as urnas eletrônicas

Por
Valterlucio Campelo

Em primeiro lugar, é preciso entender que os especialistas do exército NÃO fizeram exame dos resultados eleitorais, logo, não se poderia cobrar um atestado de fraude ou de lisura do pleito. Isto é um mal-entendido entre muitos que, alimentados aqui e ali por notícias falsas ou por suas próprias expectativas, aguardavam uma bomba nesta quarta-feira. Aliás, a própria imprensa está hoje com manchetes ridículas, do tipo “Exército não aponta fraudes”. Ora, não apontou nem poderia. Somente gente muito desatenta dedicaria seu tempo a especulações com esse teor. Seria absurdo que o exército apontasse fraudes, sendo que não era esta sua missão nem a isto se dedicou.


Tá. Então, qual a importância do relatório, se não era para apontar fraudes? Respondo. A importância do relatório foi apontar que as urnas não são invioláveis, que são susceptíveis à entrada de códigos maliciosos, apesar de terem sido negados acessos a informações cruciais como por exemplo, o código-fonte utilizado (afirmações do relatório). Trocando em miúdos, é como se a visita do comprador da casa não fosse permitida no quarto do casal. Por conta disso, o relatório faz uma série de sugestões (ver no relatório).


Frustrante? Depende das expectativas. Pode-se achar, por exemplo, que o relatório decepcionou não pelo resultado em si, mas por ter sido emitido burocraticamente, como se tratasse de algo comum e não como uma questão de segurança nacional. Poder-se-ia esperar que as FFAA exigissem providencias ao invés de apenas sugeri-las. Outros talvez esperassem que viria uma confirmação ou contestação da análise matemática publicada por um certo argentino acerca dos resultados. Enfim, cada um tinha suas expectativas e se comporta conforme, não dá para generalizar.


Estimo que do jeito que foi encaminhado e recebido o programado é gaveta ou procrastinação. Quem são as FFAA quando se tem uma Constituição que faço, desfaço e refaço ao meu bel-prazer? Dia 15 tem diplomação, vem copa, fim de ano, férias, posse e, então, a vida segue sob uma nova ordem, aquela que já se provou cleptocrata (segundo Gilmar Mendes), incompetente e subordinada ao concerto do Foro de São Paulo em primeiro lugar e à ONU em segundo. Na expectativa dos “vitoriosos”, logo seremos sul-americanes ou bolivarianes. Mas não é certo que seja assim, pode acontecer diferente. Sabe-se lá o que tramam nos bastidores do poder.


A partir do relatório, o leitor poderá estar se perguntando sobre as manifestações. O que fazer? Ir pra casa? Desistir de suas convicções, de sua luta, de sua ideologia? Enrolar sua bandeira? NÃO. Mil vezes, NÃO! Faça as manifestações que quiser, quando quiser, onde quiser, durante o tempo que quiser, defendendo o que quiser. Ainda não nos tomaram esse direito. Desde que sua luta seja pacífica e por seus próprios valores e, principalmente por liberdade, as ruas são sempre o seu melhor lugar. Aqueles que tentam dissuadir seu ímpeto são agentes do inimigo, vigaristas a serviço de um mal que muitas vezes nem conhecem.


As FFAA não farão nada? Não sei. Só sei é que não devem e nada farão de motim próprio, desarrazoadamente, fora da CF de 1988, sem o chamado popular, sem os gritos da rua. O presidente Bolsonaro não fará nada? Também não sei e, sinceramente, não é assim tão importante. Ele é hoje o representante de uma causa, mas não é a causa. É preciso que cada brasileiro que se sente lesado ou contrariado com o resultado eleitoral recente tenha em mente a defesa dos seus valores e calibre a sua disposição de luta com ou sem Bolsonaro.


Tem mais um detalhe. A recomposição da quadrilha não garante que possam realizar novos saques. Especialmente agora, porque nós os conhecemos. Se, antes, eram enganosos, insidiosos, dissimulados, hoje estão com a cara lavada à vista de todos. Se, antes, o tucanato lhes servia de biombo, ele foi derrubado e temos claramente a visão do todo. Sabemos “o que fizeram no verão passado”. Se, por um momento as ruas se esvaziarem, pouco importa para quem aprendeu o caminho. Nelas saberemos nos proteger e seremos fortes, a carruagem dos tiranos não passará.


Portanto, meus caros, não desanimem de sua luta, de sua manifestação, de sua indignação. Ela é justa, é sublime. Nada é mais importante do que a liberdade, nada se lhe compara. Dizia Hayek (O caminho da servidão, 1944) que toda forma de coletivismo, projeto que por último sustenta a malta que se prepara para o poder, degenera em tirania e contra ela devemos lutar. Lutemos.


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