Procuradores-gerais de Justiça de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo informaram ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que investigações estaduais identificaram a participação de empresários no financiamento de atos antidemocráticos pelo país.
As informações foram repassadas ao magistrado em reunião realizada nesta manhã (8) no tribunal.
Segundo o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, já foi detectada a atuação de empresários e até de prefeituras na organização dos bloqueios de estradas e nos atos em quartéis das Forças Armadas.
Sarrubbo disse que, por ser uma apuração em andamento, não daria o número de investigados no caso.
“São empresários que são financiadores, nós já temos alguns nomes, mas que não podemos relevar, que estão sendo investigados”, disse.
Na nossa visão, há uma grande organização criminosa com funções predefinidas. Financiadores, arrecadadores, tem várias mensagens com número de Pix e tudo mais para que as pessoas possam abastecer financeiramente. E a partir daí nós temos que estabelecer quem exercia qual função. Tem a função financeira, a alimentação. Em São Paulo, a gente percebe ônibus de prefeituras transportando pessoas. Tudo isso está sendo objeto de investigação “Mario Sarrubbo, procurador-geral de Justiça de São Paulo
Sarrubbo afirmou que as investigações miram agora o “fluxo financeiro” dos atos e que o encontro com Moraes serviu para a troca de investigações sobre o caso.
O ministro tem acompanhado o atos de perto e ontem ordenou que as forças policiais estaduais e federais enviem todas as informações obtidas sobre possíveis financiadores dos atos nos quartéis e nas estradas.
Segundo Sarrubbo, há indicativo de que o movimento tem caráter interestadual. “Há algo em nível nacional e nós vamos trabalhar e o TSE fornecerá algumas informações e com isso a gente espera que o Brasil possa prosseguir sem golpes”, disse.
Listas. A procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo, Luciana Andrade, também afirmou que a atuação dos empresários envolve ainda a criação de “listas” para impedir consumidores e empresários de utilizarem determinados produtos ou serviços no Estado.
“A gente tem percebido um movimento também de empresariado que é criar uma lista de pessoas e empresários cujos consumidores não deveriam consumir ali produtos ou serviços. Estão criando embaraço à livre iniciativa do comércio, algo que não víamos há muitos e muitos anos”, afirmou.
Identificação. Ontem (7), Moraes mandou a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as Polícias Civil e Militar de todos os estados e do Distrito Federal enviarem informações sobre a identificação de líderes, organizadores e financiadores dos atos antidemocráticos nas proximidades de quartéis das Forças Armadas.
O ministro deu prazo de 48 horas para receber as informações. Moraes também cobrou os dados de identificação dos respectivos proprietários dos veículos envolvidos nos bloqueios de estradas e nas manifestações nos quarteis, sejam pessoas físicas ou jurídicas.
Desde a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no dia 30 de outubro, diversas manifestações de bolsonaristas defendem pautas antidemocráticas, como “intervenção federal” ou “intervenção militar”.
O movimento teve início com o fechamento de estradas e migraram para atos na frente de quartéis do país.
Em Brasília, o grupo se concentrou em frente ao quartel-general do Exército, em uma área militar da capital federal. No Rio, a concentração foi em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do CML (Comando Militar do Leste), no centro da cidade.
Em São Paulo, o ato ocorre em frente ao Comando Militar do Sudeste, na região do Parque do Ibirapuera, zona sul da capital paulista.
Os bloqueios nas rodovias persistem em pontos isolados e perderam força ao longo da semana — ontem, bolsonaristas usaram barras de ferro para agredir agentes da PRF em Rio do Sul (SC), município a 194 quilômetros de Florianópolis.
Segundo a PRF, nesta manhã foram registrados quatro pontos de bloqueios, sendo três deles em Mato Grosso e um no Paraná. Além disso, há nove trechos com interdições parciais pelo país.
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