Enquanto a população se prepara para escolher o novo presidente do Brasil neste domingo, 30, dia de segundo turno na eleição 2022, a classe comercial, industrial e liberal já tem definido quais propostas e planos de governo que melhor favorecem o estado do Acre. Sabem também o que pode prejudicar o desenvolvimento dos municípios acreanos em ambos os governos, tanto de Jair Messias Bolsonaro (PL) quanto de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ac24horas ouviu o representante da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa), Marcelo Moura, da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano e o economista Orlando Sabino, especialista em Gestão Empresarial, Mestre em Economia e Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Marcelo pondera que de um lado há trabalho forte do governo federal atual a fim de reduzir a carga tributária e enxugar máquina pública, enquanto do outro lado não se vê propostas nesse sentido.
Sabino acredita que, com Bolsonaro reeleito, haja continuidade no fortalecimento do agronegócio a nível de Acre, já com Lula, um aumento da presença do estado, um estado muito mais presente, mais preocupado com a renda das pessoas, principalmente das classes menos favorecidas.
José Adriano acredita que a relação institucional do Acre com o governo federal, tendo Bolsonaro presidente, deverá ser ampliada e potencializada em função de uma bancada federal eleita, ideologicamente alinhada com a proposta atual. “O que poderá não ocorrer em caso de eleição do Lula”, declara.
Com base nas informações divulgadas pelos próprios candidatos, o presidente da Acisa prefere a reeleição do atual presidente. “Não só pelo que a sua equipe econômica prega que iria fazer, mas pelo governo que já está há mais de 3 anos. A gente vê uma visão de enxugamento da máquina pública, uma visão mais de privatização dos serviços, uma desoneração dos impostos. A redução da carga tributária vem acontecendo, além de um controle ferrenho à inflação”, destaca Marcelo.
A Acisa pontua ainda que a relação institucional do Acre com o governo federal e Bolsonaro reeleito deverá ser ampliada e potencializada, muito em função de uma bancada federal eleita, ideologicamente alinhada com a proposta atual. “Temos um movimento atípico da pandemia [de Covid-19] que causou alta da inflação no mundo todo e o Brasil vem se saindo melhor do que grandes nações desenvolvidas”.
O economista Orlando Sabino enaltece o processo democrático como fundamental para o desenvolvimento econômico. “Sem democracia fica extremamente difícil fazer cálculo, planejamento, tanto do ponto de vista público dos governos como da iniciativa privada”. Para ele, um quadro político instável torna as atividades produtivas extremamente mais difíceis, concentradas e prejudiciais à maior parte da população brasileira.
À frente da Fieac, Adriano comenta que ambos os candidatos se comprometeram com a geração de emprego e fortalecimento da economia, sendo assim, sem novidades. “Porém, caso o Lula seja eleito, esperamos que não haja retrocessos nos avanços alcançados no governo Bolsonaro, como a reforma da previdência, reforma trabalhista, e privatizações de aeroportos, etc”.
Em contrapartida, o representante das indústrias espera que se Bolsonaro for presidente, deve continuar as privatizações dos Correios, Petrobras, aeroportos, presídios, etc. “Esperamos um programa habitacional para famílias de baixa renda”, complementa.
Moura assegura que o país está com a inflação controlada, apesar da Covid e o encarecimento da produção dos insumos e serviços. Segundo ele, a equipe econômica de Bolsonaro vem acertando bastante. “Uma das coisas importantes também é a redução da dívida pública, o apoio ao agronegócio como fonte de riqueza. A gente vê o agro desenvolvendo muito no Brasil. Já no lado de Lula, não vejo propostas de nenhum tipo de visão econômica mais objetiva”.
Do ponto de vista das políticas públicas do Acre, Sabino aposta numa certa continuidade do fortalecimento do agronegócio em caso de reeleição de Bolsonaro, uma política nacional seguida pelo governo local de Gladson Cameli. “Até um reforço dessa política. Se verifica também que, embora alguns indicadores estejam apontando uma certa crise na questão fiscal dos estados, aqui no Acre temos uma situação confortável”.
Discrepâncias entre projetos
Marcelo Moura assevera que Lula fala muito do que fez em seu antigo governo, mas não fala o que tem para o Brasil na área econômica. “De um lado, a gente sabe o que está fazendo e o que quer fazer. O outro lado a gente não vê isso. A gente vê, sim, uma postura de falar que vai melhor as condições da população mais carente, melhorar Auxílio Brasil. O fato é que o déficit público ainda existe, o Brasil ainda gasta mais do que arrecada e isso inviabiliza um custo maior para auxílio tão caro como esse”, finaliza.
Sabino destaca que com Lula, o Acre deve sentir aumento da presença do estado, um estado mais presente, mais preocupado com a renda das pessoas, principalmente das classes menos favorecidas. “Lula está acenando para um aumento de salário mínimo, melhoria nas condições do Bolsa Família, bancos públicos atuando de forma mais efetiva no financiamento do desenvolvimento”.
Para ele, outra mudança radical é na questão do meio ambiente. “Hoje vemos um certo fechar de olhos na questão ambiental, desmatamento, mas existe uma tendência, num possível governo Lula, que está divulgando até desmatamento zero na Amazônia, de forma que vamos partir para um outro tipo de economia na zona rural, como a Bioeconomia, com atividades que possam conciliar essa questão do desmatamento zero com o desenvolvimento da economia”.
O economista salienta ainda que essa mudança radical no desenvolvimento não prejudica a questão do agro, que já possui sua autonomia e tem áreas ainda a serem ocupadas no Acre.
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