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Sonho e suor

Por
Luiz Calixto

Para quem imagina Roberto Carlos como um inesgotável poço de romantismo e emoções em todas as canções que fez pra gente, já li e assisti a entrevistas do Rei onde ele declarou que suas letras e melodias tinham as seguintes proporções: 10% de inspiração e 90% de transpiração. Toda obra poética era resultado do trabalho braçal e mental de horas, meses e anos até encontrar as palavras e os acordes exatos para acalmar ou ferir os corações de milhares de súditos ao longo de seu inquestionável reinado.


Em seu trabalho suado o Rei já transformou a inspiração dele em baixinhas, gordinhas, amigos, amantes, fé, desilusões e dramas pessoais, taxistas, etc em belíssimas melodias.


A lição de nossa majestade é que não é o bastante ter apenas a melhor ideia se não se tem a disposição e o talento necessários para transformar sonhos em realidade.


Mas deixemos o Rei de lado e vamos tratar da nossa realidade dura e cruel, onde os sonhos, às vezes,são pesadelos.


É fácil para qualquer governante abrir seu depósito de promessas para melhorar a vida do povo.


Geração de emprego e renda, saúde, segurança, inclusão social, agricultura etc, não podem ser tão somente meras inspirações e utopias.


No caso do nosso Acre, o governador Gladson Cameli deve exigir de seus colaboradores o sangue e o suor suficientes para tirar do papel, com a pressa que a realidade requer, suas metas e objetivos.


Se todos já sabem o que precisa ser feito, então o foco é fazer, sem a empolgação de elevadas expectativas para não alimentar a decepção de ninguém.


No caso da geração de empregos, o disparo mais imediato é a construção civil, pois este é o segmento econômico onde as reações são mais rápidas e sintomáticas. O ambiente está preparado: as contas estatais estão em dia e o governo dispõe da confiança do povo.


As famosas emendas parlamentares, sejam estas transparentes ou secretas, precisam urgentemente sair das placas de outdoors para os canteiros de obras.


Não adianta insistir em utopias. É necessário pensar o Estado de acordo com o tamanho de suas possibilidades e potencialidades.


Nenhuma indústria de grande porte se instalará no Acre. Nada de Zonas de Processamento de Exportações. Vamos pensar grande focando em coisas pequenas para dar o passo do tamanho da perna. Existem muitas oportunidades que podem ser prospectadas e atraídas para o tamanho da nossa economia.


Nada de invenções: basta o feijão com arroz. Vamos suar mais e sonhar menos.


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Luiz Calixto

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