A educação básica do país pode enfrentar um déficit de 235 mil professores até 2040, se o interesse por jovens em cursos de licenciatura não alcançar o envelhecimento do corpo docente dos últimos anos.
Esta é a avaliação do diretor executivo do Instituto Semesp, Rodrigo Capelato, em entrevista à CNN Rádio.
A entidade foi a responsável pela projeção, considerada “preocupante” pelo professor, para a educação básica do país.
“A quantidade de ingressantes nas carreiras de licenciaturas nos últimos dez anos cresceu apenas 29,7% de 2010 a 2020, enquanto nas demais carreiras, esse dado foi de 49,8%”, afirmou o diretor.
A isso, soma-se o envelhecimento dos professores da rede de ensino, “com destaque para o número crescente de profissionais prestes a deixar o cargo”, como aponta o relatório do instituto.
O primeiro é a “desvalorização da carreira”, uma vez que “a remuneração de um professor é mais baixa quando comparada à dos demais cargos ocupados por pessoas que têm ensino superior completo.”.
O segundo é a falta de infraestrutura nas escolas.
“Isso impede que os professores desempenhem bem a sua função”, explica o pesquisador.
Exemplos são acesso precário à internet e a equipamentos tecnológicos, ou mesmo à água potável e à higiene sanitária adequada.
Por fim, a insegurança é um impeditivo para a formação de novos professores.
“Diretores de escola e professores relatam que vivenciam, quase diariamente, eventos de violência, seja por intimidação verbal ou física”, segundo Rodrigo Capelato.
“Não há um incentivo para a atualização das carreiras de licenciatura”, argumenta o professor.
“Nós precisamos de um projeto de nível federal que defina a formação de todas as nossas crianças, a partir de ferramentas tecnológicas avançadas. Caso contrário, a formação ficará cada vez mais obsoleta e desinteressante aos jovens”.
*Com produção de Isabel Campos