Cinco policiais militares que já foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Acre por crime de homicídio, e que já passaram por audiência de instrução e julgamento, podem ser julgados pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri Popular. Tudo depende de um parecer da Juíza Luana Cláudia de Albuquerque Campos, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco.
Os cinco respondem pela morte da criança Maria Cauane Araújo da Silva, de 11 anos, Cleiton da Silva Borges e Edmilson Fernandes da Silva Sales, todos mortos a tiros de fuzil numa operação da Polícia Militar no bairro Preventório.
Todos os réus, cinco ao todo, já passaram pela audiência de instrução e julgamento, a última fase do processo antes do julgamento pelo Tribunal do Júri. Alan Melo Martins, Josemar Barbosa de Farias, Wladimir Soares da Costa e Raimundo de Souza Costa prestaram depoimentos no dia 23 de março, enquanto que o sargento Antônio José Batista prestou depoimento na última quarta-feira. Os cinco irão responder por três homicídios e duas tentativas.
O fato aconteceu no dia 14 de maio de 2018. Com o intuito de combater as facções criminosas que à época aterrorizavam a cidade, dezenas de policiais militares invadiram grande parte do bairro Preventório em buscas de faccionados e, especialmente, drogas e armas.
Durante a operação, considerada um desastre, três pessoas morreram, entre elas a estudante Maria Cauane, que brincavam com uma colega quando foi atingida na cabeça pelo fragmento de um projétil de fuzil e morreu no pronto-socorro. Também morreram Cleiton da Silva Borges e Edmilson Fernandes da Silva. Francisco Victor Júnior e Raimundo Luan Lacerda, saíram feridos.
Os policiais alegaram que as mortes dos dois homens e os ferimentos causados nos outros dois foram frutos de uma troca de tiros, e classificaram o caso de Cauane Araújo como um “lamentável acidente”. Os peritos do setor de balística forense do Instituto de Criminalística da Polícia Civil comprovaram que o tiro de matou a criança saiu de um fuzil de um dos homens do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), sendo uma das motivações da denúncia do MP. O projétil de grosso calibre se alojou na parede e o fragmento na cabeça da criança a matando.