O advogado criminalista Romano Gouvea foi o convidado do programa Bar do Vaz desta quinta-feira, 22, no ac24horas. Ele tem sido alvo de polêmicas diante de seu posicionamento contra o atual sistema penitenciário do estado ao questionar as práticas contra os detentos, que segundo o profissional, têm sofrido perseguição, tortura, proibição da visita de familiares, entre outros.
Romano diz que não há alimentação inadequada, mas sim a verdadeira fome dentro dos presídios acreanos. “Não defendo a impunidade, defendo a legalidade. O advogado não escolhe causas”, afirma.
Seu escritório conta oito advogados e, a partir do contrato, defende a pessoa em questão e não uma organização criminosa. “Portarias não podem suprir a lei federal, muito menos a constituição. A partir do momento que afasta a família do apenado, estamos retornando ao período medieval”, destaca.
Para Romano, os presídios locais viraram uma masmorra. “Vivemos de um jeito medieval. Não tem comida ao detento”. O advogado revela ainda que detento dá lucro. “Cada preso custa de R$ 6 a R$ 7 mil. Gasta-se para piorar a pessoa e não para melhorar. Isso que eu, como representante da ordem, assisto”.
Ele assegura não ser um ativista, mas que apenas atua em busca da legalidade. De acordo com o advogado, a população carcerária no Acre é de oito mil pessoas, divididas em 4 presídios, sendo a maior do Brasil, proporcionalmente. “Não há biblioteca, as aulas foram suspensas e o trabalho é escasso [ao detento]”. Para Romano, a inércia do estado fomenta o crime. “Me chamam de polêmico por defender o direito dos apenados, dos mais pobres”.
Candidatura
O advogado é candidato a deputado estadual nestas eleições 2022 e garante ter se colocando à disposição do voto ao ouvir as pessoas e clientes que o cercam. “O Direito é para todos. Vou defender o direito à casa própria, outros interesses, mas nosso nicho maior é o apenado. A família próxima do apenado ajuda a ressocializá-lo”.
Se eleito, quer que os egressos do sistema prisional tenham direitos, uma vez que é papel do Estado garantir integridade e ressocialização. “Advogo para policiais, juízes, professores, não advogamos para o crime. Advogo para a justiça. Vamos ajudar o estado a construir uma clínica para dependentes químicos. Vejo muito que hoje os profissionais estão atrás de dinheiro e não da justiça e liberdade”.