A eleição nesse primeiro turno caminha para seus momentos finais. Uma campanha curta, estranha e profundamente desigual. É visível que alguns candidatos dispõem de recursos e estruturas muito superiores a outros. Ao mesmo tempo, o debate político está sendo prejudicado pelo encurtamento da campanha, consequência de uma pré-campanha mal feita.
A maioria das pessoas que lidam com a política não sabe manejar as atuais regras eleitorais. Quase ninguém sabe o que pode e o que não pode ser feito na pré-campanha. Além disso, as articulações políticas foram esticadas demais e as decisões sobre candidaturas e propostas ocorreram nas últimas horas. Como resultado, somente agora os eleitores estão tomando conhecimento de quem são os candidatos. O problema é que não sobrará tempo para mais nada. A eleição já está logo ali.
Nesse cenário, leva vantagem quem tem mais recursos financeiros e maior estrutura de campanha. Pior ainda se considerarmos a tradição acreana do “voto útil”, essa mania de se votar em um candidato “porque vai ganhar” e não porque tem a melhor proposta ou porque seja o mais indicado para as circunstâncias. E então os candidatos da situação usam e abusam da máquina pública para mostrar força e intimidar os adversários.
Aliás, a campanha virou exclusivamente isso, ou seja, uma guerra de visual em que ganha quem tem mais carro adesivado, placa instalada e gente balançando bandeira nas esquinas e caminhando pelas ruas dos bairros. Pior, num ato de profundo desrespeito com a fome de boa parte de nossa população, a moda agora são as carreatas, passeios em que “bacanas” desfilam suas camionetes pelas ruas como que a esnobar a inconsciência da pobreza que deposita o voto em seus candidatos endinheirados. Deveria haver uma lei moral que tratasse com desprezo candidato em carreata.
Eleição e campanha eleitoral não são para isso. A campanha é o momento em que os partidos e seus candidatos têm que debater as questões do presente e apontar o futuro. Em que a população escancara seus problemas e os pretendentes aos cargos de representação indicam soluções e tentam provar que são capazes de realizá-las. Em que as soluções apontadas e os candidatos são avaliados livremente pelos eleitores, que, afinal, decidem.
Esta, infelizmente, talvez seja, na história recente do Acre, a campanha em que isso menos aconteça. E, no momento, a discussão mais intensa no meio político é se eleição será resolvida em dois de outubro ou se haverá segundo turno. A pergunta que fica é: a sociedade acreana, as organizações e as pessoas estão suficientemente maduras para decidir? Eu acredito que não.
Questões muito importantes estão em aberto e precisam de respostas do mundo político. O que será feito para gerar empregos aos mais de 50 mil acreanos que buscam uma vaga no mercado de trabalho? O que fazer para melhorar a vida do povão que forma a metade muito pobre da população acreana? Como proteger nossos jovens da criminalidade e da violência? Qual a solução para o feminicídio que só cresce? Como nossas florestas serão protegidas? Qual a estratégia para fortalecer a produção rural, seja como agronegócio ou agricultura familiar? O que os candidatos apontam de solução para a gravíssima crise que se avizinha com o crescente déficit previdenciário do governo, que hoje já consome meio bilhão de reais por ano dos cofres públicos com o pagamento das aposentadorias dos servidores públicos, dinheiro que é subtraído do investimento no desenvolvimento econômico do Estado?
De sua parte, o governador Gladson Cameli quer vencer no primeiro turno a qualquer custo. Alega que não fez mais no atual mandato por força da pandemia, e deseja receber um “cheque em branco” do eleitor no dia dois. Já o ex-governador Jorge Viana, com Petecão e Mara Rocha de coadjuvantes, quer levar o embate para um segundo round, na esperança de poder fazer uma disputa mais equilibrada no tempo extra, com mais debates e maior tempo de horário eleitoral na TV.
A verdade é que, surfando na estrutura do governo e contando com uma coligação abarrotada de dinheiro e gente, Gladson quer ganhar essa eleição “na base do abafa”, como se diz nos campos de pelada. Isso será bom para o Acre? Acredito que não. Nem mesmo para ele, caso viesse a vencer. O bom para todos, principalmente para a democracia, é que se possa realmente debater as questões que interessam ao povo no presente, que, como vimos, são muitas. Mas, principalmente, que se possa falar sobre o futuro. Afinal, o que é a política senão a forma como pactuamos ele?
A coreógrafa Carlota Portella morreu neste sábado (31), aos 74 anos. A informação foi confirmada…
A Defensoria Pública da União e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade)…
Um avião que transportava o governador do Pará, Helder Barbalho, precisou fazer um pouso de…
O prefeito de Rio Branco e candidato à reeleição, Tião Bocalom, junto com seu vice,…
Thiago Salvático, que afirma ter tido uma relação com Gugu Liberato, tomou uma atitude após…
Uma casa de farinha que pode ser transportada, montada em qualquer lugar e produzir 500…