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À CNN, Lula defende indicações de aliados, investimentos, crédito e recusa “mágica” na economia

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CNN Brasil

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que não há como fazer política no Brasil sem indicações políticas. Em entrevista ao WW Especial: Presidenciáveis nesta segunda-feira (12) o petista disse que isso acontece em toda democracia do mundo.


“Acontece na democracia de qualquer país do mundo. Quando você ganha uma eleição, você tem uma composição para ganhar as eleições. (…) Se a gente ganhar as eleições, esses partidos irão participar do governo. O que não faz sentido é você ganhar as eleições e seu adversário indicar”, disse o ex-presidente.


Para Lula, é natural que pessoas que participaram de sua chapa presidencial façam indicações para STF, PGR, Polícia Federal e estatais.


“Você não tem como fazer se não for assim. Como você indica um ministro para a Suprema Corte? Como você escolhe um diretor da Polícia Federal? Como você escolhe um procurador-geral da República? Como você indica um diretor para o conselho da Petrobras ou de outra empresa? É indicação das pessoas que participaram do processo.”


O ex-presidente afirmou que, apesar de serem filiados a partidos políticos, os diretores da Petrobras nomeados por ele durante seu governo eram concursados e tinham uma longa carreira na empresa. “Eram pessoas com mais de 30 anos de concursado na Petrobras. Não era corpo estranho.”


Denúncias de corrupção

Mais uma vez, Lula disse que não há como “dizer que não houve corrupção” durante os governos petistas. Lula, no entanto, criticou a postura dos delatores da operação Lava Jato, que, segundo ele, foram beneficiados para tentar culpá-lo.


“A minha versão é que algum diretor da Petrobras que reconheceu que roubou pagou o preço. Eu não posso dizer que não houve corrupção se as pessoas delataram, se o Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, reconheceu que fez o erro que ele fez, se outros denunciaram que receberam favores de empresas. O que eu acho grave é que essas pessoas foram beneficiadas por uma delação premiada na qual o objetivo era tentar me culpar.”


O ex-presidente disse que foi “culpado por ser inocente”.

“Eu sou, pela primeira vez na história no Brasil, eu sou culpado de ser inocente. É fantástico, porque eu disse o tempo inteiro que tinha um juiz mentindo, eu disse o tempo inteiro que tinha um grupo tarefa do Ministério Público, que é grave, que induziu a sociedade brasileira, induziu a imprensa brasileira, a vender as mentiras que eles contavam como se fosse verdade. Eu tive que provar na Justiça a minha inocência e provar a culpa deles, porque fomos nós que provamos toda maracutaia e falcatrua que foram feito”, afirmou.


Judicialização da política

Lula também criticou a judicialização da política. Ele defendeu que o deputado federal Aécio Neves (PSDB), ao questionar o resultado das eleições de 2014, foi o responsável por iniciar o movimento de alta interferência do poder Judiciário na política.


“Primeiro é culpa da classe política. Qualquer coisinha recorre à Suprema Corte. E aí nós temos um problema que foi a eleição da Dilma [Rousseff] de 2014, quando o candidato que ela derrotou não quis aceitar o resultado. (…) O Aécio afrontou a vitória da Dilma, entrou com recurso na Justiça e é responsável pelo clima de animosidade que está criado neste país”, disse Lula.


Segundo ele, é necessário “voltar à normalidade”, com cada Poder cumprindo a sua função.


O petista disse que Bolsonaro surgiu a partir da negação da política e comparou o surgimento do atual presidente aos de Adolf Hitler, na Alemanha, nazista e de Benito Mussolini, na Itália fascista.


“A negação da política, a destruição da política, permitiu que surgisse um Bolsonaro, como permitiu na Alemanha que surgisse um Hitler, como permitiu na Itália que surgisse um Mussolini. Toda vez que você nega a política, o que vem dela é muito pior.”


Economia

Na área econômica, Lula defendeu que para “consertar o país” é necessário ter credibilidade, estabilidade e previsibilidade. “Na economia não existe mágica. A economia é um processo em construção que você vai ganhando espaço”.


Ele defendeu a volta de investimentos estatais em obras de infraestrutura para estimular a economia e mencionou o retorno de obras do PAC. “Quero fazer um levantamento dos três principais projetos de infraestrutura de cada governo do estado, quero fazer o levantamento de todas as obras do PAC que estão prontas para serem trabalhadas, quero retomar o Minha Casa Minha Vida, para a gente fazer a economia voltar a funcionar”, disse.


O ex-presidente ainda citou que os bancos estatais voltarão a conceder crédito e salientou ser necessário gerar empregos. “Nós vamos fazer investimentos para que a economia volte a funcionar gerando emprego. As pessoas não querem viver de benefício do governo o tempo inteiro. As pessoas querem trabalhar”, pontou Lula.


O petista voltou a dizer que vai criar um programa de renegociação de dívidas com o varejo e com bancos. Segundo ele, esse é um mecanismo para estimular o consumo e tornar o país atrativo para investimentos.


“Vamos convencer que o brasil é um bom negócio para fazer investimento novo”, disse Lula.


Política externa

Lula defendeu que o Brasil precisa se juntar à América Latina e à Europa para criar um bloco capaz de sentar em uma mesa para negociar com a China e os Estados Unidos. O candidato ainda reprovou a atuação do bloco europeu nas negociações do conflito entre Rússia e Ucrânia. “Vejo pouca gente falar em paz e muita gente falar em vender armas”, pontuou.


“A União Europeia simboliza um patrimônio da democracia. Entretanto, eu acho que a União Europeia cometeu um equívoco em ceder facilmente na questão da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Era preciso que a União Europeia fosse o pêndulo para evitar a guerra. Era preciso mais conversa, mais seriedade. Eu vejo pouca gente falar em paz e muita gente falar em vender armas”.


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