No dia 25 de junho de 1971, horas depois de ter nascido na Colônia Souza Araújo, que à época abrigava mais de 500 pessoas acometidas de hanseníase, Raimundo da Silva foi adotado por outra família. O pai era interno, e a mãe também portadora da doença.
O parto foi realizado no local, para que a criança fosse testada logo após o nascimento. Devido à doença, a política adotada era de segregação paternal. Se o bebê nascesse saudável, era de imediato afastado da família. 51 anos depois, ele volta e espera que com apoio do Movimento de Reintegração dos Hansenianos (MORHAN) possa reencontrar seu pai e a mãe.
O coordenador do MORHAN sabe que localizar uma família sem saber os nomes dos pais é muito difícil, mãe que vai tentar. Elson Dias explicou que de 2010 para cá, 2647 pessoas procuraram a entidade pedindo ajuda para localizar parentes, e que apenas cinco obtiveram êxito.
“Essa é mais uma história que chega até nós aqui do MORHAN, onde vamos tentar localizar a família desse filho que foi separado, e de todas as formas unir esse laço que foi desfeito no passado”, comentou Dias.
Nas buscas, Raimundo e equipe fizeram várias visitas, entre eles a casa de Paulo Teixeira, que foi interno na Colônia Souza Araújo por vários anos. Era dele a responsabilidade de levar os bebês recém-nascidos para a adoção. Nada de concreto foi conseguido. A última fase da visita ocorreu na Colônia Souza Araújo, onde foram consultados todos os arquivos. Não foi desta vez que Raimundo Nonato conseguiu identificar e localizar os pais. “Vou continuar tentando, e espero contar com a ajuda das pessoas. Para mim, seria felicidade total encontrar meus pais biológicos, mesmo sendo meus pais adotivos maravilhosos”, concluiu.