O candidato ao Senado da República no estado do Acre pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Sanderson Moura, foi o sabatinado na noite deste sábado, 3, pelos jornalistas do ac24horas.
Aos 46 anos, é advogado, orador, escritor, palestrante e filósofo. Já foi professor concursado da rede pública estadual e municipal e é fundador da Escola de Atenas, que ensina oratória com filosofia.
Moura acredita estar na batalha com a perspectiva de melhorar a qualidade representativa do estado. “Os três senadores que temos abandonaram o cargo para serem candidatos ao governo. Isso é uma irresponsabilidade com o poder e desrespeito ao povo”, enfatizou.
Para ele, um senador tem obrigação de pensar o estado, a sociedade e não ser um mero liberador de emendas. “Ninguém vê esses benefícios que essas pessoas dizem trazer. O Senador tem que pensar a República, se colocar como um líder nacional para fazer com que o Acre seja ouvido”.
Sanderson disse ainda que o estado tenha, talvez, a pior legislatura no senado atualmente. “Um dos meus propósitos é mexer nessa pensão dos ex-governadores, que até hoje ninguém teve coragem de enfrentar”. Moura pretende articular as forças legislativas, jurídica e executivas para extinguir o benefício. “É uma pouca vergonha a aposentadoria de ex-governadores. Estou com esse propósito claro, porque não tenho vínculo com esses velhos caciques da política”.
Saúde e Educação
O candidato afirma que não se melhora a educação sem investir na valorização do professor. “Sou fruto da educação pública, defensor do ensino gratuito. É preciso ter investimento, principalmente no salário do professor, para tornar uma carreira atraente”. Ele garante que uma de suas principais bandeiras é criar uma Universidade Pública Estadual no Acre.
“O povo tem de escolher pessoas que tenham espírito público. Vou fazer o possível para que a saúde seja de qualidade. É preciso escolher pessoas que tenham a Ficha Limpa para gerir com honestidade os recursos da saúde”. Segundo ele, a corrupção se transforma em hospitais que não se constroem e salários de médicos que deixam de existir. “O senador tem essa força para cobrar”.
Infraestrutura e geração de emprego
Com relação à este tema, Sanderson se diz um defensor do estado e do bem estar social, e não da destruição do estado. “O Estado deve estar presente na sociedade. Me inspiro em países nórdicos, onde a prioridade é gerar renda, emprego para que o consumo possa aumentar e as pessoas tenham satisfação de vida. Nesses países, os presídios são fechados porque existe política pública”, salienta.
O advogado assegura que programas sociais do estado devem proporcionar que a juventude ingresse no ensino público e se afaste das organizações criminosas.
A situação da BR-364 também foi comentada. “A BR é o retrato da qualidade dos nossos políticos, que não conseguem trazer recursos. O relator do orçamento não conseguiu. Essa estrada espelha a qualidade dos nossos políticos”.
Segurança pública
O candidato declarou que o Acre possui uma fronteira desguarnecida, sem o efetivo necessário de policiais. “Falta o estado nessas fronteiras para que haja uma vigilância e redução no fluxo da criminalidade. Precisamos investir em segurança pública, trazer o exército para essas fronteiras. Combater o crime organizado, que é o grande mal da nossa sociedade. Estarei ao lado das pessoa que estudam esse assunto para articular as melhores formas de fortalecer isso”, argumentou.
Para ele, o jovem de fato precisa de um tratamento diferenciado, o que não significa que tenha de acobertar crimes graves. “Deve-se haver debate em relação ao aumento de pena ou redução da maioridade penal. Sou adepto ao plebiscito para consultar a sociedade e saber a opinião das pessoas”.
Pergunta do internauta
O acreano Alex da Silva, morador da Transacreana, em Rio Branco, questionou Sanderson sobre o que fará, caso eleito, pela melhora da saúde pública. “O problema não é mais recursos, mas sim a administração desses recursos. Como senador, estarei de perto investigando onde estão sendo investidos esse dinheiro. Recursos existem, mas o grande mal é a corrupção, que deixa o povo faminto, desempregado e políticos desmoralizados. Serei um combatente da corrupção no senado”.
Temas livres
Na rodada de temas livres, Sanderson disse não acreditar que o Acre tenha tido recentemente senadores protagonistas. “Não conseguiram alocar recurso para construir a BR-364. São pessoas do baixo clero. Não adianta compor a mesa, se é massa de manobra dos grandes líderes e partidos. Ser protagonista é ser respeitado pelas suas ideias, ter presença na mídia nacional participando de grandes debates, sendo consultado pela sua capacidade”.
Para ele, existe realmente o ativismo judicial, mas que só alguém de respaldo será capaz de eliminar essa situação. “Elegendo senadores Ficha Limpa, com posições claras e que entendam a função dos três poderes. Sou contra o ativismo judicial, mas para isso temos de melhorar a qualidade dos nossos representantes”.