Recentemente, em entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo, o ex-presidiário retirado da cadeia para concorrer às eleições, Lula da Silva, demiurgo petista, senhor e guia de todas as ações e posições partidárias, disse em tom claro e inequívoco que o agronegócio é fascista. Há algum tempo já havia dito que precisava ser eliminado. Considerando que não se trata de um adolescente imberbe, mas do político mais experiente do Brasil, a afirmação escandalosa não pode passar em branco. Tentemos, então, destrinchar um pouco o seu significado.
Em primeiro lugar, vejamos o que é agronegócio, ou, agribusiness, como foi primeiramente conhecido. Segundo várias instituições do setor, inclusive universidades, o agronegócio é o conjunto de atividades que envolvem, de forma direta ou indireta, toda a cadeia agrícola ou pecuária. Em estudo de 2019, realizado pelo CEPEA/USP, verificou-se que do total do PIB do agronegócio, 4,8% pertencem aos insumos, 24,1% ao produto propriamente dito, 29,8% à agroindústria e 41,2% aos serviços envolvidos. O volume do PIB do agronegócio representa cerca de 22% do PIB nacional, 19,8% do mercado de trabalho e 43% das exportações.
Agora, vejamos o que é fascismo, termo que imbecis de toda espécie usam para insultar alguém, ainda que sequer desconfiem do seu significado. As várias experiências fascistas – italiana, portuguesa, espanhola e alemã, comportaram variações e formas que podem, a critério do freguês, qualificar o termo com maior ou menor autoritarismo, mas, uma coisa é certa, o fascismo requer sempre um corte fundamental – o controle estatal. Sobre a cultura, a economia, a imprensa, o trabalho, a política, enfim, controle do estado sobre todos os aspectos da vida. O que fascistas não suportam é a democracia liberal. Aliás, o lema principal de seu grande líder histórico, o socialista italiano Benito Mussolini que implantou a ditadura fascista entre 1926 e 1943, era “Tudo pelo Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”.
Pronto. Agora que definimos de modo simplesinho, para não criar confusão, os termos usados pelo Lula – sujeito e predicado, talvez possamos saber se ele tem alguma razão ou se é, como de costume, apenas um mentiroso.
Poderia o agronegócio ser fascista? Ora, o agronegócio depende essencialmente da liberdade, da condição de se mover conforme os agentes do mercado de insumos, de produtos e serviços aplicados à produção agropecuária. Usar maior ou menor quantidade de insumos, escolher o produto e as quantidades, investir ou não na transformação, aportar ou não pacotes tecnológicos, são escolhas inerentes a quem usufrui de liberdade de iniciativa que só a propriedade privada e o livre mercado podem assegurar com plenitude. Logo, de saída, vê-se com clareza que o agronegócio brasileiro não pode prescindir da liberdade, não pode ser controlado pelo estado, portanto, não faz sentido ser acusado de fascista.
Então, por que o ex-presidiário candidato fez a afirmação, já que ele não é nenhum estúpido? Resta supor que ele estivesse se referindo aos empresários do agronegócio, insultando-os. Era só um impropério aos agropecuaristas? A esquerda não gosta de agricultores nem de pecuaristas desde sempre, como bem demonstra a história. Lula quis dizer é que determinados direitos como a propriedade da terra, e o conservadorismo e a cultura tradicional do campo não fazem parte de seu projeto de país. Em sua mente embotada, quem não adere à cartilha socialista só pode ser fascista.
Mas, fica por isso mesmo? Seus companheiros espalhados pelo Brasil concordam com ele ou vão se fazer de mortos e deixar que o esquecimento resolva? No Acre, a esquerda também acha que o agronegócio é fascista? Ninguém vai lhes perguntar? Engraçado é que depois que o agronegócio pôs as cartas na mesa, sinalizando que se desenvolverá fortemente independentemente de privilégios estatais, aproveitando a liberdade e as condições favoráveis, vemos alguns líderes esquerdistas de sorriso amarelo abraçando a causa que tantas vezes jogaram na lata do lixo. Florestanistas de carteirinha mofada estão dando saltos triplos hermenêuticos para se apresentarem a favor do agronegócio, alguns já se dizem, eles mesmos, agronegociantes. Não sei se ficaram ofendidos com o vitupério do chefe.
Em período eleitoral, a política é mesmo um vale-tudo. Se há duas décadas estranhávamos que fazendeiros votassem em ecologistas, agora vemos ecologistas se fazendo passar por fazendeiros em busca de votos. Seria cômico se não fosse tragicamente falso. Apesar de non sense, ao declarar seu nojo pelo agronegócio, Lula desvelou para a sociedade um pouco da alma da esquerda no Brasil. Eles odeiam o agro brasileiro nos termos em que está se desenvolvendo e tudo farão para freá-lo. Não por acaso, a temática ambiental e o alarmismo climático são questões prioritárias para a esquerda. É através delas, que pretendem impedir, conter, restringir, minimizar, enfim, controlar o agronegócio. É o caso mesmo de se perguntar quem é o fascista nessa história.
Valterlucio Bessa Campelo escreve todas as sextas-feiras no ac24horas e, eventualmente, em seu blog, no site Conservadores e Liberais do Puggina, revista digital NAVEGOS.
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