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O vazio deixado pela morte do Chefe, pioneiro e símbolo do comércio acreano

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Bom homem, trabalhador, guerreiro e um ‘cara’ fantástico. Apenas alguns dos adjetivos mais usados pelos colegas para relembrar Tancredo Lima de Souza, o Chefe, criador do Bazar Chefe, um dos comércios mais antigos do estado localizado na capital do Acre. Aberto de domingo a domingo, esta é a segunda vez que o estabelecimento fica fechado em quase 50 anos de existência – a primeira foi na morte da esposa do Chefe, há cerca de 10 anos. A loja só reabrirá as portas nesta quarta-feira (31) após 7 dias de luto pela morte de seu proprietário.


 

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Um adeus repentino e doloroso não só para amigos e familiares, mas para toda uma sociedade. O Chefe e sua loja de variedades se tornaram praticamente um símbolo no coração da cidade de Rio Branco, fazendo da Praça da Bandeira um ponto de encontro de clientes e amigos ao longo de quase cinco décadas. Ele estava com 69 anos quando descobriu tardiamente o acometimento de um câncer no fígado.


 


Um dia depois da notícia que pegou muitos de surpresa, a Epaminondas Jácome ainda chorava a perda do empreendedor. “Abriu-se uma lacuna. Parece que está faltando alguma coisa. Ficou vazio. Sentimos a falta dele”, afirmou Valdemir Araújo, um lojista vizinho, representante da Relojoaria TransMil. O Atacadão das Utilidades, local que fica em frente ao Bazar Chefe e gerido por seus filhos, também está fechado.


 



 


“O Chefe chegou aqui na região bem antes do meu pai, o Antônio Coió, e ele ajudava, ia deixar meu pai na porta de casa no bairro Bahia. Às vezes dava carona para minha mãe também. Lembro muito disso de quando era mais novo”, conta Valdemir. Outros empreendedores consideram o Chefe um ícone para o comércio local.


 

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Uma frase é unanimidade entre aqueles que o conheceram: vai fazer muita falta. “Ele era uma pessoa muito querida, mesmo de longe dava de perceber isso. Ele ficava por aqui trabalhando e as pessoas, os colegas vinham para cá só para conversar, ficar o dia sentado com ele enquanto o Chefe também atendia os clientes”, diz Jamile, da Loja Alegria, ao lado do Bazar Chefe.


 



 


Ela relata que antes mesmo de seus pais chegarem ao ponto comercial, o Chefe já estava por lá, há cerca de 37 anos. “Ele é muito antigo aqui. A gente aqui estava comentando que até o movimento parou depois que ele faleceu. Alguns idosos aparecem ainda perguntando por ele, sem saber o que aconteceu, sem saber por que está fechado. Ele era amigo de todo mundo”, diz Jamile.


 


Valdemir, da Relojoaria TransMil, trabalha no local há 25 anos e sente lacuna com a morte do colega. “O chefe era um cara excelente. Mantínhamos uma relação muito boa. Não conversávamos sempre, mas sempre que batíamos um papo era muito bom”.


 


O responsável pela Casa da Bíblia, Luiz Cézar, mantinha uma amizade mais profissional há aproximadamente 15 anos. “Era uma pessoa exemplar para a gente, carismática, exemplo de vida, de empresário. A gente se inspirava muito nele e a morte dele pegou a todos de surpresa”.


 



 


Márcia Andrade, da Nossa Loja, ainda se encontra bastante emocionada. Ela conheceu o Chefe por meio de seu esposo e criaram uma bonita amizade. A lojista também percebeu queda no movimento do comércio da região desde a morte do amigo. “Ele me chamava de humilde e eu ficava muito feliz quando falava essas coisas para mim. Vai fazer muita falta, afinal foram oito anos dessa amizade. Ele era uma inspiração, principalmente de humildade. Uma pessoa que deu muitas oportunidades para os acreanos”, comentou.


 


Apresentador se emociona ao vivo


 


O apresentador do programa Café com Notícias, Washington Aquino, também é uma das referências quando se fala em Bazar Chefe. Isso por conta da forma irreverente como faz as propagandas do empreendimento, tanto na TV quanto na rádio. Ele revelou que considerava Chefe um ‘irmão’ e vice-versa.


 


O programa da última quarta-feira (24) transmitido pela TV5 (Ecoacre Comunicações) foi envolto de emoção, principalmente no momento de o apresentador comentar a morte do amigo. “E agora, como é que vai ser? Como vai ser a Praça da Bandeira sem o Chefe na calçada? Como vai ser aquele movimento”, indagou.


 


Aquino falou que o comerciante sofria com um problema de cartilagem, muito devido aos anos trabalhando em pé, e sofreu uma queda, não conseguindo mais andar. Chefe foi levado para São Paulo, onde passou três meses, e quando retornou a Rio Branco, passou a se locomover com ajuda de um andador.


 


 


No entanto, o problema piorou. “Ele sentiu outras dificuldades e descobriu nessa semana que estava com câncer de fígado avançado. Não deu tempo de voltar a outra cidade ou São Paulo. Foi levado ao Unacon na última segunda-feira, pois estava debilitado”, contou o apresentador durante o programa.


 


O amigo espera agora que a história de Chefe fique marcada no estado. “O Acre perde tanta gente boa. O Chefe jamais será esquecido. Era uma figura raríssima. Poucas pessoas nascem com o talento e a humildade dele, que vendeu picolé, foi estivador, e com pouco estudo trabalhou desde cedo”. Com muito esforço, Chefe é reconhecido por ter conseguido montar seu estabelecimento comercial e transformar o Bazar numa referência comercial. Há muitas décadas, é uma das lojas mais conhecidas do Acre.


 


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