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Por enquanto, o quadro político está confuso

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Valterlucio Campelo

Há uma tal balburdia no cenário político acreano que muita gente experiente não consegue juntar lé com lé e cré com cré. Se considerarmos a mistura de partidos, candidatos e apoiadores, o quadro de candidaturas parece uma obra prima da Dilma, a lobotomizada que governou o Brasil durante quase seis anos e saiu com um pé no traseiro, nos deixando um país quebrado e roubado em estágio pré-venezuelano.


Numa tentativa de compreensão que vá além de nomes e preferências pessoais, o máximo que se pode dizer em benefício da política local exercida nos últimos tempos é que os campos ideológicos foram razoavelmente preservados. É ainda possível marcar os candidatos majoritários à direita, ao centro e à esquerda. De resto, as candidaturas estão postas sem fio nem pavio à escolha do freguês.


Ouvi de um velho político da terrinha, que nunca, jamais, em tempo algum, se viu o teatro político tão mal engendrado. Acredito. Nos últimos quarenta anos, também não vi. Entretanto, nunca, jamais, em tempo algum, a legislação eleitoral foi essa mixórdia que estamos a “obedecer”. A proibição das coligações partidárias para eleições proporcionais, ao invés de organizar, parece ser um dos gatilhos da bagunça. Outro, é o fundão financeiro e suas regras de distribuição entre candidaturas. Tem ainda as tais federações permitidas de modo casuístico no apagar das luzes, cláusulas de barreira e a decisão do TSE liberando o candidato ao governo para apoiar mais de um candidato ao senado. Em suma, tudo opera para que a confusão se alastre, levando o eleitor à incerteza e os analistas à loucura quando tentam fazer prognósticos.


Durante anos, políticos se relacionaram em suas bases, com vereadores, prefeitos e apoiadores “por cima” dos partidos, considerando sempre que no processo eleitoral os acordos e alianças partidárias resolveriam as diferenças. Porém, com o fim das coligações nas eleições proporcionais, o sistema enrijeceu-se e implicou dubiedades que levam a esta “esquizofrenia” política. Tem candidato a deputado estadual casando na prática com deputado federal de uma coligação, com senador de outra e com governador de uma terceira. Ficou o dito pelo não dito.


Nem o fundo eleitoral determinado pela correlação de forças na Câmara Federal, que deu a este ou aquele partido maior ou menor poder de financiamento, conseguiu resolver a formação de chapas unitárias, menos ainda se considerarmos a ridícula, mas obrigatória cota feminina. O esforço de cada partido em arregimentar candidatos com força suficiente para atingir o coeficiente eleitoral coloca-os no fio da navalha, de modo que cada desistência ameaça o todo e, consequentemente, a todos. Ninguém solta a mão de ninguém ou vai pro espaço a viabilidade eleitoral. Aconteceu com o PL que, embora seja o partido do Presidente Bolsonaro, vitualmente vitorioso no Acre, não tem chapa para deputado federal. 


Há ainda a questão das candidaturas ao senado que, por serem também majoritárias, sempre funcionaram vinculadas às candidaturas ao governo. Uma espécie de casamento com parceiros morando em casas separadas, mas ainda assim, fiéis e comprometidos. Com a decisão do TSE, exonerando governadores da exclusividade está difícil segurar o sim dado no altar da convenção. 


Não sei se este era o propósito, mas estamos “agora mais do que nunca”, como diria o famoso apresentador de TV, elegendo pessoas, personalidades, trajetórias, carismas e, eventualmente, prestadores de favores ou compradores de votos. A rigor, cada um cuida de sua própria campanha e persegue o eleitor com o laço possível. Com muito esforço, talvez no decorrer da campanha algumas inquietações sejam dissipadas, senão, somente no segundo turno as coisas ficarão claras.


Por enquanto, parece que teremos que nos virar com candidaturas fluidas, conceitualmente próximas do sentido que o filósofo Zigmunt Baumann dá ao mundo atual. Não busquemos, pois, líderes etiquetados em compartimentos rígidos. Eles estão se adaptando às circunstâncias e às perspectivas eleitorais, como a dizer-nos que o mundo pós-moderno autoriza suas contradições e metamorfoses. Aguardemos.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no ac24horas e, eventualmente, em seu BLOG, no site LIBERAIS E CONSERVADORES, de Percival Puggina e na Revista Digital NAVEGOS


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