Qualquer opinião que eu expressar sobre o deputado federal Alan Rick (União Brasil) sempre começarei registrando o profundo respeito que devoto a ele. Entretanto, o parlamentar é sabedor que o jogo político é bruto e, dependendo dos atores em cena, muito traiçoeiro.
Se eu tivesse que escolher uma melodia para servir de fundo musical para ilustrar a relação de Alan Rick com o senador Márcio Bittar (União Brasil), sem dúvida, a que melhor retrataria a rasteira aplicada por Bittar seria “Vou festejar” (Jorge Aragão Jorge/Dias Neoci), eternizada na voz de Beth Carvalho, cuja estrofe da letra diz: “Você pagou com traição/ A quem sempre lhe deu a mão”.
O deputado federal deve lembrar-se quando eu disse, dentro de um avião:
⏤ Alan, a tua briga com Bittar será inevitável. Falta apenas marcar a data do confronto.
Alan respondeu que sempre esteve junto em todas as campanhas de Bittar e que isso não aconteceria jamais.
Alan nunca negou que sempre foi um dos parceiros mais fieis de Márcio na política. Esteve junto com ele em todas as jornadas.
E foi numa dessas tabelinhas ensaiadas que Bittar empurrou a ex-mulher, Márcia Espinosa (PL), como pré-candidata a vice do governador Gladson Cameli.
Com Espinosa no cangote de Gladson, óbvio, a pedra de tropeço sairia do caminho para Alan disputar uma cadeira no Senado.
Como o impacto causado pela vice resultou num imenso rombo na candidatura à reeleição do governador, Alan foi chamado para substituí-la para tentar consertar o estrago.
A militância, inclusive eu, ficou em estado de graça, mais animada que pinto em beira de cerca.
Gladson sempre lutou para ter Alan na sua chapa, seja como candidato ao Senado ou como vice-governador.
Ocorre, todavia, que o deputado não sabia que estava tratando com Bittar e seus interesses familiares.
Em várias entrevistas o próprio Bittar expressou que “um homem que não luta por sua família é um covarde”, esquecendo que essa máxima é repugnada quando se trata de política, de vida republicana.
Pois bem. O plano diabólico de Bittar para tirar Alan de Gladson foi expurgá-lo, sem dó nem piedade, da executiva do União Brasil. Sem rodeios, isso basta para provar que a culpa de tudo isso é do senador.
A data do confronto inevitável do qual eu alertei o deputado Alan foi dia 3 de agosto, conforme certidão do TSE.
A lei eleitoral é feita de prazos. A 24 horas da convenção, nem Alan tinha a garantia da legenda para disputar eleição. Na havia mais tempo a esperar.
A sorte é que a senadora Mailza Gomes (PP) foi demasiadamente humilde para reconhecer a gravidade do caos causado por Bittar e abriu mão do seu legítimo direito de candidatura ao Senado, aceitando a importante missão de ser vice de Gladson.
O recuo da senadora permitiu o convite a Ney Amorim (Podemos) para integrar a chapa de Gladson como candidato ao Senado da República.
Aprovada em convenção, a chapa é Gladson Cameli, Mailza Gomes e Ney Amorim. E não há outra: o senador de Gladson é o Ney.
Como Alan é honesto, não terá como atribuir um pingo de culpa a Gladson.
Anotem: Ney é bem articulado, tem qualidades políticas e pessoais e muitas chances de ser o próximo senador do Acre.
E Marcio Bittar mais uma vez se revela o amigo da onça.
O outro desafio do poderoso relator será explicar para o Bolsonaro que o prestígio político dele no Acre equivale a uma nota de 420 reais.
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