O jornalista e apresentador, Astério Moreira, vai lançar na próxima terça-feira, 12 de julho, o livro “Uma janela para um tempo esquecido: Contos Amazônicos”, que promete retratar as maiores histórias vivenciadas desde 1910 aos anos 2000 no Acre. A versão online está disponível na plataforma Amazon.
Moreira contou que a proposta da criação do livro teve início após publicação das histórias no ac24horas – com aval do proprietário do jornal, empresário e também jornalista, Roberto Vaz. Segundo ele, as histórias tiveram uma grande receptividade do povo acreano e, desde então, veio amadurecendo a ideia e decidiu, após árduo trabalho, levar ao alcance do público. “A história é sobre o Acre de contos, crônicas e narrativas. Eu conto a história da década passada desde 1910, do tempo em que os homens roubavam mulheres. É um resgate da memória coletiva”, declarou.
Astério, relatou que a obra retrata grandes histórias ouvidas ao longo dos anos – como por exemplo, a da cobra da Gameleira, da temida loira da curva do Tucumã e do icônico “capeta” – que teria aparecido a uma mulher nos anos 2000 na antiga boate Lua Azul. “No carnaval apareceu um capeta lá dentro [Lua Azul] para uma mulher, ela desmaiou, caiu no chão e era uma mulher desviada da igreja. São essas coisas. Eu conto também a história de um garimpeiro que achava que no Acre tinha ouro e foi garimpar no Rio Acre”, descreveu alguns dos contos.
Devido a grande repercussão de suas histórias – contadas por moradores do Acre – que supostamente, vivenciaram ou ouviram os fatos, o jornalista foi cobrado pelos apreciadores das narrativas, a transcrever os relatos em um livro. “O livro é uma forma de estimular as pessoas a também contarem suas histórias”, ressaltou.
O jornalista mencionou que muitos dos personagens das histórias narradas estão vivos. De acordo com ele, a obra relembrou ainda o conto de um disco voador que teria aparecido ao longo do Rio Acre, além de um homem que teria sonhado com uma botija de ouro enterrado em solo acreano. “São tudo histórias verdadeiras, não tem nenhuma mentira não. As pessoas viveram. Por exemplo, o cara sonhou com uma botija de ouro, desceu o Rio Acre, pegou o sobrinho e foi ao local porque ele sonhou. Isso, eu não inventei a história, eu narrei os fatos. Sobre a cobra da Gameleira, por 20 anos eu ouvi isso, as pessoas que morriam afogadas, eram engolidas pela cobra. A minha mãe dizia, não vá para a beira do Rio Acre. Então, as histórias estão todas aí no imaginário popular”, ressaltou.
Moreira disse ainda que recebeu uma ligação de um ator – residente na capital, solicitando autorização para criar uma peça teatral em cima das histórias do livro. “Ele ficou impressionado com a descrição que faço sobre um tempo no Acre que os homens roubavam mulheres. Eu conto a história da Maria, que é real e me contou essa história aos 96 anos de idade”, descreveu.
A parte impressa da obra ainda está em fase de execução, contudo, Moreira adiantou que pretende lançar 500 exemplares no Acre. Entretanto, sem prazo para lançamento.
O escritor Gabriel Garcia Marques, autor de Cem Anos de Solidão, Prêmio Nobel de literatura, disse que, “A vida não é o que a gente viveu, mas o que a gente recorda e como recorda para contar”. Então é isso! Recordações de um tempo esquecido, adormecido em algum lugar na memória de quem viu, ouvi contar e viveu os fatos narrados. Viver no Acre, um estado plantado no coração da Amazônia sempre foi um desafio, principalmente para os que chegaram aqui há mais de cem anos . São narrativas simples, mas que retratam um pouco da vida cotidiana e do imaginário popular sobre os mistérios de viver na floresta, às margens dos rios e vilarejos que deram origem as cidades. Como bem definiu Maria, um dos personagem de No Tempo em que Homens Roubavam Mulheres, roubada aos 12 anos de idade, posteriormente resgatada pelo irmão no meio da floresta que matou a punhaladas o ladrão de sua irmã: “Uma terra de bravos onde só os fortes, os que a natureza seleciona é que sobrevivem”.
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