O CipódCast desta sexta-feira (08), transmitido pelo ac24horas, conversou com a médica cubana Alaide Duran e o chefe de cozinha Brian Duran, filho de Alaide. A profissional da saúde chegou ao Brasil em 2013, através do programa Mais Médicos, do Governo Federal, e fixou residência no Acre. Vivendo sob a democracia brasileira, Alaide sonhava em ter o único filho vivendo longe da ditadura castrista e a partir de uma concessão inédita do governo cubano que permitia a visita de familiares ao Brasil, chegou a vez de Brian Duran, chegar ao país.
Alaide e Brian contaram em detalhes o terror de viver sob um regime autoritário: “A liberdade não existe, se falar que não gosta do presidente, vai 10 anos para a cadeia. Em Cuba eu não tinha nenhum futuro. Só tem comida para turista, o povo não tem comida. Compramos comida por site dos Estados Unidos para mandar como contrabando para a família (em Cuba)”, diz Brian Duran.
Alaide revela que o governo cubano interfere na alimentação. “Você acorda e não tem leite para tomar, nem café, dizem que é por causa dos EUA. Na hora do almoço vai comer arroz, ou feijão, e o que aparecer de carne, geralmente frango ou porco. Carne de boi é impossível, só tem em comércio destinado a turistas que pagam em dólar. O cubano não pode comer um bom peixe, lagosta ou camarão, porque isso o governo direciona ao turista ou à exportação”.
O PRINCIPAL PRODUTO DE CUBA É O MÉDICO – Graduada em medicina há 20 anos, Alaíde Duran tem especialidade em medicina familiar, pós-graduação em ginecologia e obstetrícia e ganhava $58 (dólares) mensais em Cuba. Em solo brasileiro, a medicina é a carreira profissional mais disputada nas universidades e funciona quase como uma garantia de sucesso financeiro, mas mesmo no Brasil, os médicos cubanos continuavam sob a dependência e opressão financeira de Cuba. “Você tem que ter um contrato de trabalho gerenciado pelo governo, porque ele fica com a maior parte desse dinheiro. Nós, os médicos que trabalhamos aqui, nunca recebemos dinheiro na mão. Nos nove anos que trabalhei aqui, o dinheiro foi retido por Cuba. O dinheiro cubano só passava para o nosso cartão 20% do salário”, diz a médica, e completa: “Cuba é um exportador de médico, eu sou um produto”.
ESPIÃO CUBANO INFILTRADO – A médica relata ainda durante a entrevista que nos primeiros anos da missão Mais Médicos no Acre, os médicos integrantes do programa viviam sob vigilância de um espião do governo de Cuba, que era um médico que chefiava o grupo: “Nós saímos de lá com uma brigada médica e com um chefe do governo para vigiar, para que os médicos não migrassem daqui para os EUA, para que não se casassem ou se ligassem aos brasileiros. Depois foi ficando mais flexível, porque o governo (cubano) se deu conta que não podia controlar”.
Através de reuniões mensais, os médicos cubanos tinham, então, que prestar relatórios de com quem estavam se relacionando no Brasil. “Todas as informações eram enviadas para Cuba. Isso aconteceu nos primeiros 3 anos do programa. Não podíamos pedir ajuda”. Alaíde garante que todas as missões com médicos de Cuba têm representantes do governo infiltrados.
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