É muito fácil entender o motivo da manifestação do ex-senador Jorge Viana logo após o suposto anúncio da candidatura da senhora Márcia Bittar como pré-candidata a vice na chapa do governador Gladson Cameli.
Minhas divergências politicas com ele não significam que eu não o considere um centroavante sagaz e esperto. Espero que os zagueiros do governador Gladson Cameli não caiam de patinho na jogada dele.
Nas raríssimas oportunidades que tenho, digo ao governador Gladson: cuide da sua candidatura assim como os demais estão cuidando das candidaturas deles. Ninguém segura na mão de ninguém.
De fato, Jorge chora um olho e remela o outro pela vaga do Senado. Além da vida no Senado ser mais mansa, Jorge acalenta o sonho de ser ministro caso Lula seja o presidente eleito. Um senador pode pedir afastamento para ser ministro sem perder o mandato ao passo que um governador tem que renunciar.
E onde entra a ex de Márcio nesse esquema tático?
Uma suposta aliança de Gladson Cameli com Marcio Bittar, com a indicação da poderosa ex para o cargo de vice-governadora, deixaria o caminho do deputado Alan Rick livre e desimpedido, o que seria uma tragédia para os planos de eleição do petista. Para os interesses de Alan Rick não há cenário mais perfeito: Jorge para o governo e Márcia como vice de Gladson. Assim sendo, ambos estariam fora do caminho dele.
A rejeição de Márcia é tão estrondosa que chego a duvidar que Alan faça uma declaração pública assumindo-se como cabo eleitoral dela.
Estaria Alan agindo errado? De forma alguma. A prioridade do deputado é a eleição dele. Gladson que se vire.
Nessas circunstâncias, não restaria a Jorge outra opção senão concorrer ao cargo onde o dano seria menor, ou seja, a disputa seria pelo governo. Acreditem: Jorge Viana não está blefando.
Com a rejeição de Márcia Bittar debaixo do braço, Gladson passaria todo período de campanha se explicando e se justificando perante os eleitores e Jorge passaria para o segundo turno.
Não há mistérios a serem revelados nessa engenharia: embora seja uma candidata muito pesada e refugada, Márcia teria sua campanha sustentada pelos milhões dos fundos partidários do União Brasil, do PL, do Republicanos, todos controlados pela holding Bittar.
Márcia seria uma espécie de “Severina xique-xique” do Pedro Caroço, da genial música de Genival Lacerda.
Arregimentaria inúmeros apoios de vereadores, candidatos a deputados estaduais e federais e todos aqueles que estão de olho na butique dela, ou seja, na grana do fundo eleitoral.
Traduzindo: Alan ficaria órfão.
O ganhador dessa peleja entre Alan Rick e Márcia seria exatamente Jorge Viana.
Sem o incômodo e o peso de carregar, metaforicamente, duas melancias grandes debaixo dos braços, Gladson levaria com tranquilidade no primeiro tempo.
E não há estrategista político capaz de esconder Espinosa durante a campanha. Primeiro porque ela, Bittar e os adversários não deixariam isso acontecer.
Segundo porque é impossível esconder cupuaçu. O cheiro forte, por si, revela o esconderijo da fruta.
Anote no caderninho: a pressão inexplicável de Bittar em cima de Gladson é o maior cabo eleitoral do petista Jorge Viana.
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