Em 30 dias, a Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, foi condenada 15 vezes pela Justiça de São Paulo por dívidas com proprietários de imóveis alugados pela instituição.
Levantamento feito pela coluna de 23 de maio a 21 de junho mostra que os débitos ultrapassam, nesses 15 processos, a cifra de R$ 2,5 milhões. Os imóveis foram alugados para serem utilizados como templos, casa de pastores e estacionamento para os cultos.
O comerciante A.B, por exemplo, de 67 anos, alugou em 2014 um imóvel em Mogi Guaçu, no interior paulista, para a Igreja Mundial. De acordo com o processo aberto contra a igreja, os valores combinados em contrato não são pagos desde 2019. “Várias foram as tentativas de se resolver extrajudicialmente a questão, através de cobranças verbais e escritas”, afirmou o comerciante à Justiça.
O juiz Roginer Garcia Carniel condenou a igreja a pagar R$ 381 mil ao comerciante, valor que será acrescido de juros e correção monetária.
Em outro processo, o funileiro I.V. cobra da igreja uma dívida de cerca de R$ 20 mil referentes a aluguéis não pagos de um imóvel em São Bernardo. Na petição enviada à Justiça, ele afirma viver “de bicos” por estar desempregado, e que o fato de a igreja ter deixado de pagar os aluguéis lhe gerou “diversos transtornos”.
“Em contrapartida, a igreja arrecada doações vultuosas e, mesmo com a pandemia, continua a arrecadar. Ressalta-se que as arrecadações ocorrem não apenas nos templos, mas também nos programas de televisão e pelo site”, afirmou seu advogado à Justiça.
O juiz Rodrigo Campos condenou a igreja a fazer o pagamento do valor, também acrescido de juros e correção monetária.
A Igreja Mundial, fundada em 1998 na cidade de Sorocaba, ainda pode recorrer das decisões.
Ao se defender nos processos, a igreja disse ser uma instituição sem fins lucrativos e que é “público e notório” que vem enfrentando dificuldades financeiras, “principalmente pelo longo período de pandemia”.
“Todas as igrejas do Brasil foram compelidas a fechar as portas”, afirmou à Justiça. “Sem a realização de atividades religiosas, houve uma drástica diminuição da arrecadação, uma vez que os fiéis restaram impedidos de frequentar os templos”, declarou.
A Mundial, que diz em seu site possuir cerca de 6.000 templos, não nega as dívidas nos processos, mas questiona os cálculos apresentados.
Os recursos ainda não foram julgados.
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